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segunda-feira, 30 de julho de 2012

NO MOMENTO ESTOU DE MUDANÇA DE ENDEREÇO!
MUDEI DE MARICÁ/RJ PARA BARRA MANSA/RJ.
DENTRO EM BREVE ESTAREI PUBLICANDO NOVIDADES!!!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

CINEMA

O FANTASMA DA LIBERDADE, FILME DE LUÍS BUNÜEL, SIMPLESMENTE UM MARCO NA HISTÓRIA DO SURREALISMO

O Fantasma da Liberdade
Luís Buñuel, 1974


Jean Claude Brialy e Monica Vitti em O Fantasma da Liberdade
Fantôme, Fantasma. Do grego phântasma, aparição, visão, sonho. Essa é a primeira palavra do título do penúltimo filme de Luis Buñuel,O Fantasma da Liberdade. Já se disse que esse fantasma estaria fazendo referência lá à primeira sentença do "Manifesto Comunista": "Um fantasma ronda a Europa – o fantasma do comunismo". Mas parece que ainda podemos ir mais fundo no sentido se nos detivermos um pouco sobre a palavra ‘fantasma’. Aparição. Visão. Sonho. Todos esses sentidos sendo atrelados à liberdade. Porque o que vivemos hoje em sociedade está longe de ser uma experiência de liberdade, mas como o diretor apontou, estamos de tal modo presos às nossas "jaulas psíquicas a ponto de as preferirmos à liberdade, uma experiência e aspiração que tampouco entendemos ou desejamos". E o que Buñuel pretende é justamente mostrar a arbitrariedade voluntariosa que preenche a vida cotidiana; a maneira como, clamando não possuirmos nenhum mestre a nos mandar, nos tornamos escravos de nossos desejos, escravos cegos de nós mesmos.
A liberdade só pode ser experimentada por nós pois, como aparição, visão ou sonho. E é sobre isso o Fantasma.... Assim como o espectro do comunismo assombrava a Europa lá pelos idos de 1850, o intento de Buñuel aqui foi o de soltar o fantasma da liberdade, levá-lo para as ruas, para o meio da sociedade do desejo burguesa que sempre foi seu alvo preferido.
O Fantasma da Liberdade é composto por esquetes que não tem muita ligação uns com os outros a não ser o fato de que todos denunciam as prisões a que estamos atados, prisões estas que se manifestam como convenções sociais. Um dos episódios mostra uma família sentada à mesa conversando; muito normal, se não fossem assentos sanitários ao invés de cadeiras o que se percebe ao redor dela. Quando sentem fome, vão até um quarto fechado, o que seria um banheiro, e lá fazem suas refeições. Antes do surrealismo, em O Fantasma da Liberdade, há uma "doce subversão", palavras do próprio Buñuel. Basta lembrarmos que na Idade Média, por exemplo, existia realmente uma cadeira com um orifício no meio do assento, embaixo da qual se posicionava estrategicamente um penico, de modo que aqueles que participassem de um banquete pudessem, digamos, se aliviar sem que precisassem deixar a mesa.
Em seu Meu Último Suspiro Buñuel conta que com o surrealismo "...eu entrei em contato com um sistema moral coerente que, até onde eu posso ver, não possui falhas. Era uma moralidade agressiva baseada na rejeição completa de todos os valores existentes." Tal qual um filósofo cínico, um Diógenes, vemos Luís Buñuel transitar pelo espaço social pondo em xeque tudo o que se toma comumente por dado. Se, segundo conta a tradição, aquele teria falsificado moedas – talvez o primeiro caso de falsificação de dinheiro da história – para mostrar que seu valor, longe de ser absoluto, é mera convenção, este com seu O Fantasma da Liberdade falsifica a realidade para mostrar que a maior parte dos valores sociais, se não todos, também são mera convenção - convenção esta que acaba por nos manter cada vez mais presos.
Para conclusão deixamos aqui o mesmo olhar confuso da avestruz no fim do filme, ao fitar – fito estrangeiro, que percebe a sociedade humana como outro de si – o espetáculo um tanto bizarro que se passa.
Juliana Fausto











quinta-feira, 19 de julho de 2012

FOTOGRAFIA

UM FOTÓGRAFO ISRAELENSE, UM JOVEM ARTISTA MARAVILHOSO QUE É A REVELAÇÃO DA FOTOGRAFIA!


O fotógrafo israelense Nadav Bagim, também conhecido como Aimishboy, cria cenários psicodélicos para fotografar close-ups de insetos e pequenos animais como aranhas e lagartixas em sua casa.

A série de fotos, batizada de WonderLand ('País das Maravilhas', em tradução livre) foi feita na casa do fotógrafo, em Ramat-Gan, Israel, e pode ser vista em seu website, www.Aimishboy.com.

Bagim usa objetos comuns para criar os cenários surreais, coisas que ele encontra em casa como vegetais, sacos plásticos, flores e folhas. Geralmente ele prefere que tudo seja muito colorido, para que o cenário fique mais parecido com um conto de fadas.

Bagim, que não teve treinamento formal como fotógrafo, geralmente precisa de mais de uma hora para construir os cenários em sua casa e, para realçar as cores, ele usa de um a quatro flashes.

Depois, entram os "modelos": insetos, aranhas, lagartixas e outros pequenos animais que ele encontra em casa ou no jardim.

"Dirigir os insetos requer compreensão do comportamento deles. Uma vez que você entende, você vai saber como fazer com que eles se sintam confortáveis, para que eles não fujam", diz Bagim.

Mas, nem tudo é tão simples. O fotógrafo diz que, para levar os pequenos animais para o ponto que ele escolheu, é preciso muita gentileza e paciência. E, às vezes, um pouco de açúcar para atraí-los para o cenário.

Desta forma, uma sessão de fotos com os pequenos modelos pode durar muitas horas.

Bagim contou que faz pouco uso de ferramentas de edição de fotos como o Photoshop, apenas para cortar as fotos e fazer pequenos ajustes.












quarta-feira, 18 de julho de 2012

ESCULTURA



GRANDE PINTOR E ESCULTOR HÉLIO OITICICA, UM DOS MAIORES EXPOENTES DA ARTE NACIONAL, LEMBRADO POR TODOS MEIOS DE MÍDIA.


HELIO OITICICA – PINTOR E ESCULTOR BRASILEIRO





Helio Oiticica nasceu no dia 26 de julho de 1937 na cidade do Rio de Janeiro. Foi pintor, escultor, artista plástico e performático. Como um dos artistas revolucionários, foi também anarquista, professor e filólogo. No ano de 1959, funda o Grupo Neoconcreto, juntamente com Amilcar de Castro, Lygia Clark, Lygia Pape e Franz Weissmann.


 

Criador do Parangolé, denominado por ser uma espécie de bandeira, onde mostra os tons, cores, formas, texturas, grafismos, textos, juntamente com sua composição, como tecido, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico corda e palha, sendo considerada uma escultura móvel. O movimento Tropicália, onde o pintor brasileiro participou, teve uma grande repercussão na época impondo a imagem brasileira sobre o tema da vanguarda.

Criou também as bólides, objetos com pigmento, onde traziam a cidade para mostrar sua arte. Em 2009, seu acervo de 90% foi destruído por um incêndio, mas uma grande parte foi preservada pela digitalização do programa Helio Oiticica, coordenado pela curadora e crítica de arte Lisette Lagnado.

Vejas abaixo alguns quadros, pinturas e obras de Helio Oiticica:






terça-feira, 17 de julho de 2012

GRANDE ESCRITOR BRASILEIRO, PAULO MENDES CAMPOS, COM SUAS OBRAS, SUAS CRÔNICAS AMARGAS E SUAVES AO MESMO TEMPO, SABEDORIA DE UM MINEIRO OBSERVADOR E CALCULISTA COM SEU OLHAR QUIETO.




Nome: 
Paulo Mendes Campos
Nascimento:
28/02/1922
Natural:
Belo Horizonte - MG
Morte:
01/07/1991


Paulo Mendes Campos



A meu avô Cesário devo este horror pelos cães, o pescoço musculoso, o riso acima de minhas posses, o pressentimento de uma velhice turbulenta
(...) A minha avó Margarida, a maneira leve de pisar e fechar portas.
A Minas Gerais, a minha sede, o jeito oblíquo e contraditório, os movimentos de bondade (todos), o hábito de andanças pela noite escura (da alma, naturalmente), a procrastinação interminável, como um negócio de cavalos à porta de uma venda."("Meditações Imaginárias")
Paulo Mendes Campos nasceu a 28 de fevereiro de 1922, em Belo Horizonte - MG, filho do médico e escritor Mário Mendes Campos e de D. Maria José de Lima Campos. Começou seus estudos na capital mineira, prosseguiu em Cachoeira do Campo (onde o padre professor de Português lhe vaticinou: "Você ainda será escritor") e terminou em São João del Rei.Começou os estudos de Odontologia, Veterinária e Direito, não chegando a completá-los. Seu sonho de ser aviador também não se concretizou. Diploma mesmo, gostava de brincar, só teve o de datilógrafo. Muito moço ainda, ingressou na vida literária, como integrante da geração mineira a que pertence Fernando Sabino e pertenceram os já falecidos Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino, João Ettiene Filho e Murilo Rubião. Em Belo Horizonte, dirigiu o suplemento literário da Folha de Minas e trabalhou na empresa de construção civil de um tio.Veio ao Rio de Janeiro, em 1945, para conhecer o poeta Pablo Neruda, e por aqui ficou. No Rio já se encontravam seus melhores amigos de Minas — Sabino, Otto, e Hélio Pellegrino. Passou a colaborar em O JornalCorreio da Manhã (de que foi redator durante dois anos e meio) e Diário Carioca. Neste último, assinava a "Semana Literária" e, depois, a crônica diária "Primeiro Plano". Foi, durante muitos anos, um dos três cronistas efetivos da revista Manchete.Admitido no IPASE, em 1947, como fiscal de obras, passou a redator daquele órgão e chegou a ser diretor da Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.Em 1951 lança seu primeiro livro, "A palavra escrita" (poemas).Casou-se, nesse mesmo ano, com Joan, de descendência inglesa, tendo tido dois filhos: Gabriela e Daniel.Buscando meios de sustentar a família, Paulo Mendes Campos foi repórter e, algumas vezes, redator de publicidadeFoi, também, hábil tradutor de poesia e prosa inglesa e francesa — entre outros Júlio Verne, Oscar Wilde, John Ruskin, Shakespeare, além de Neruda, tendo enriquecido sua experiência humana em viagens à Europa e à Ásia.Em 1962, experimentou ácido lisérgico, acompanhado por um médico.  Relatou sua experiência em artigos publicados na revista "Manchete", depois reproduzidas em "O colunista do morro" e em "Trinca de copas", seu último livro. Disse que a droga abriu "comportas" e ele se deixou invadir pelo "jorro caótico"do inconsciente até sentir o peso e a nitidez das palavras que produziam um "milagre da voz". E completava: "A comparação não presta, mas por um momento eu era uma espécie de São Francisco de Assis falando com o lobo. O lobo também sabe que amor com amor se paga".Em 1967, em seu livro "Hora do Recreio", escreveu:
Autobiografia
1922 - Semana de Arte Moderna, revolta do Forte de Copacabana, morte do Papa, o rei entrega o poder a Mussolini. Nada tenho com tudo isso: simplesmente nasço.
1923 - Morre o Rui, Stalin assume a chefia do poder soviético, putch de Hitler em Munique. Eu nada disse, nada me foi perguntado.
1924 - Revolução em São Paulo, estado de sítio. Dou para quebrar minhas mamadeiras, após o ato de esvaziá-las. O califado turco entra pelo cano.
1925 - Começo a ver o diabo dançando em torno de meu berço;e gosto.
1928 - Carmona, presidente de Portugal; Hiro-Hito, imperador do Japão. Ganho um par de botinas e durmo abraçado a elas.
1927 - Com o nome de Charles Lindbergh, atravesso o Atlântico pilotando oSpirit of Saint Louis.
1928 - Antônio de Oliveira Salazar torna-se precocemente ministro das finanças portuguesas; perco na Rua Tupis uma prata de dois mil-réis.1929 - Craque na bolsa de Nova Iorque. Pulo do bonde em movimento na rua da Bahia, esborracho-me no chão, um Ford último modelo consegue parar em cima de mim, e quase não fico para contar a história.
1930 - Revolução: mesmo com fratura dupla no braço, dou o melhor de mim ao lado das tropas rebeldes e, logo após, ao lado das tropas legalistas. Na caixa d'água da Serra leio 0 Barão de Münchausen.
1931 - A Inglaterra deixa o padrão ouro, Afonso XIII deixa o trono espanhol. Eu, Robinson Crusoé, naufrago no Pacífico, chego a uma ilha cheia de ilustrações coloridas e me torno amigo de Sexta-Feira.
1932 - Revolução de São Paulo. Luto na Mantiqueira, tremendo de frio e de coragem; não tenho muita certeza se morro ou não.
1933 - Morre dentro da banheira o Presidente Olegário Maciel. O Padre Coqueiro vem dizer que as aulas estão suspensas por motivo de luto nacional. Viva Olegário Maciel! Fujo da casa paterna, materna, fraterna, mochila nas costas, em busca dos índios de Mato Grosso; regresso ao atingir as terras da Mutuca, hoje subúrbio de Belo Horizonte.
1934 - Hitler é Führer do Reich; eu não sei se sou Winetou ou Mão de Ferro.
1935 - Mussolini ataca a Abissínia; ataco e defendo no time da divisão dos médios como centro-médio.
1936 - Morre George V, viva Eduardo VIII, que renuncia, sobe ao trono George VI. Ganho com alegria o bilhete azul do colégio.
1937 - O golpe do Estado Novo me pega de surpresa, quando subo as escadas da capela do outro colégio para a benção do Santíssimo e uma prática chatíssima de Frei Mário.
1938 - Os japoneses tomam Cantão; no Hotel Espanhol, São João del-Rei, os bacharelandos do Ginásio de Santo Antônio tomam vinho Gatão e recitam um ditirambo de Medeiros de Albuquerque (estava no florilégio do compêndio): "Bebe! e se ao cabo da noite escura, / Hora de crimes torpes, medonhos, / Varrer-te acaso da mente os sonhos, / Cerra os ouvidos à voz do povo! / Ergue teu cálice, bebe de novo!" Foi o que fizemos.
1939 - Começo a guerra.
1940 - Caio com a França.
1941 - Não sou mais eu: 1) sou como o rei de um país chuvoso; 2) sou uma nuvem de calças; 3) sou 350; 4) sou triste e impenetrável como um cisne de feltro. E assim por diante.
1942 - Atingido pelo mal do século (XVIII), mato-me no Parque Municipal. Meu nome é Werther.
1943 - Venço a batalha de Stalingrado.
1944 - Maquis.
1945 - Tomo o noturno mineiro e me mudo para o Rio, acabo com a ditadura.
1946 - 1955 – Yo era un tonto.
1956 - 1960 - Lo que hé visto me ha hecho dos tontos.
1961 - Subo no espaço sideral, dou uma volta em torno da Terra na primeira nave cósmica tripulada por um ser humano. Depois desço no Bico de Lacre, bar dos mentirosos e sonhadores, e digo: "O Mundo é azul.”
(Publicado no livro “Hora do Recreio”, Editora Sabiá/1967, pág. 07,  relançado em 1976 com o título de “Rir é o Único Jeito (Supermercado)”, Editora Tecnoprint S.A. – Rio de Janeiro, pág. 11).Cético, sem perder a ternura, jamais fez concessões e tinha horror à vulgaridade, fosse ela temática ou vernacular.  A perplexidade humana é devassada em sua poesia; sua prosa é penetrante, algumas vezes cheia de bom humor.Paulo Mendes Campos faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 1° de julho de 1991, aos 69 anos de idade. 
Em 1999 foi homenageado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro: tem seu nome uma pequena praça que fica no cruzamento das ruas Dias Ferreira, Humberto de Campos e General Venâncio Flores, no Leblon.Um de seus livros, publicado pela Editora do Autor, teve esta apresentação, que bem define o escritor:"Homem em quem o gosto das leituras requintadas e as orgias silenciosas do pensamento não estragaram ao prazer e a emoção dos encontros com o povo e com a vida de todo dia, Paulo Mendes Campos faz, na leveza de suas crônicas, páginas que vencem o efêmero pela sua qualidade literária e pela sua autêntica vibração humana".
Bibliografia:A Palavra Escrita, poesia, Ed. Hipocampo - Rio de Janeiro, 1951
Forma e Expressão do Soneto, antologia, 1952
Testamento do Brasil, poesia, 1956
O Domingo Azul do Mar, poemas, Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1958
Páginas de Humor e Humorismo, antologia, ampliada e reeditada em 1965 sob o título Antologia Brasileira de Humorismo.
O Cego de Ipanema, crônicas, Ed. do Autor - Rio de Janeiro, 1960
Homenzinho na Ventania, crônicas, Ed.do Autor - Rio de Janeiro, 1962
O Colunista do Morro, crônicas, Ed. do Autor - Rio de Janeiro, 1965
Testamento do Brasil e Domingo Azul do Mar (poemas - edição conjunta), Ed. do Autor - Rio de Janeiro, 1966
Hora do Recreio, crônicas, Editora Sabiá- Rio de Janeiro, 1967
O Anjo Bêbado, crônicas, Ed. Sabiá - Rio de Janeiro, 1969
Trinca de Copas, 1984
Rir é o Único Jeito (Supermercado), Ed. Ediouro - Rio de Janeiro. (Reedição de Hora do Recreio, com novo título - livro de bolso). 
O Amor Acaba - Crônicas Líricas e Existenciais - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1999.
Cisne de Feltro - Crônicas Autobiográficas - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.
Alhos e Bugalhos - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.
Brasil brasileiro — Crônicas do país, das cidades e do povo - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.
Murais de Vinícius e outros perfis - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.
O gol é necessário — Crônicas esportivas -  Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.
Artigo indefinido -  Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.
De um caderno cinzento — Apanhadas no chão - Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2000.
Balé do pato e outras crônicas - Editora Ática - S. Paulo, 2003.
A volta ao mundo em 80 dias - Tradução e adaptação do livro de Julio Verne, Ediouro, 2004.
Quatro histórias de ladrão - Editora Agir, Rio de Janeiro, 2005.Material obtido em livros do autor.


domingo, 15 de julho de 2012

MÚSICA

MAIS MÚSICA HOJE!
VOU FALAR DO GRUPO ALEMÃO KRAFTWERK, O PIONEIRO NA MÚSICA ELETRÔNICA MUNDIAL E INFLUÊNCIA ATÉ HOJE NO CENÁRIO DA MÚSICA ELETRÔNICA


Kraftwerk







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sábado, 14 de julho de 2012

MÚSICA

HOJE VOU FALAR DE UMA MÚSICA MUITO CONHECIDA, NA VERDADE É APENAS UM TRECHO DE UMA ÓPERA FAMOSA.
NO YOUTUBE VOCÊS ENCONTRARÃO ELA EM VÁRIAS VERSÕES.
O NOME DA MÚSICA É CARMINA BURANA.
www.youtube.com/watch?v=QEllLECo4OM 

 
 
MANUSCRITOS NO MOSTEIRO

Carmina Burana significa Canções de Benediktbeuern. Em meio à secularização de 1803, um rolo de pergaminho com cerca de duzentos poemas e canções medievais, foi encontrado na biblioteca da antiga Abadia de Menediktbeuern, na Alta Baviera. Havia poemas dos monges e dos eruditos viajantes em latim medieval; versos no vernáculo do alemão da Alta Idade Média, e pinceladas de frâncico. O erudito de dialetos da Baviera, Johann Andreas Schmeller, editou a coleção em 1847, sob o título de Carmina Burana. Carl Orff, filho de uma antiga família de eruditos e militares de Munique, ainda muito novo familiarizou-se com esse códice de poesia medieval. Ele arranjou alguns dos poemas em um “happening” – as “Cantiones profane contoribus et choris cantandae comitantibus instrumnetis atque imaginibus magics”- de canções seculares para solistas e coros, acompanhados por instrumentos de imagens mágicas. A obra já é vista no sentido do teatro musical de Orff, como um lugar de magia, da busca de cultos e símbolos.
Esta cantata cênica é emoldurada por um símbolo de antigüidade – o conceito da roda-da-fortuna, em movimento perpétuo, trazendo alternadamente sorte e azar. Ela é uma parábola da vida humana, expostas a constantes transformações. Assim sendo, a dedicatória coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”), tanto introduz como conclui as canções seculares. Esse “happening” simbólico sombreado por uma Sorte obscura, divide-se em três seções: o encontro do Homem com a Natureza, particularmente com o despertar da Natureza na primavera (“Veris leta facies”), seu encontro com os dons da Natureza, culminado com o do vinho (“In taberna”); e seu encontro com o Amor (“Amor volat undique”), como espelhado em “Cour d’amours” na velha tradição francesa ou burgúndia – uma forma de serviço cavalheiresco às damas e ao amor. A invocação da Natureza – o objetivo da primeira seção – desemboca em campos verdes onde raparigas estão dançando e as pessoas cantando em vernáculo. As cenas festivas de libação desenrolam-se entre desinibidos monges, para quem um cisne assado parece ser um antegozo do Shangri-la, e entre barulhentos eruditos viajantes que louvam o sentido impetuoso da vida na juventude.
                Após muitos anos de experiência e deliberação, os Carmina Burana resultaram na primeira testemunha válida do estilo de Orff. Eles caracterizam-se por seu ritmo fortemente penetrante, comprimido em grandes ostinatos pelo som mágico da inovadora orquestração, e pela brilhante claridade da harmonia diatônica. Os recursos estilísticos utilizados são de espantosa simplicidade. A forma básica é a canção estrófica com uma melodia diatônica, como é de hábito na música popular. Ao invés da harmonia extensivamente cromática do romantismo tardio, temos melodias claramente definidas, que levam algumas vezes a uma errônea acusação de primitivismo. As canções estróficas reportam-se a formas medievais como a litania, baseada em uma série mais ou menos variada de curvas melódicas, cada uma correspondendo a uma linha de verso, e à forma seqüencial, caracterizada por uma repetição progressiva de várias seqüências de melodias. Os melodismos, particularmente nos recitativos, são reminiscências do cantochão gregoriano. Onde temos passagens líricas, fortemente emocionais, como por exemplo nos dois solos, para soprano sobre textos latinos, e melodias mais ariosas, no sentido operístico. A escritura coral é predominantemente declamatória. Os grupos instrumentais individuais são comprimidos em amplas massas tratadas na forma coral; somente as peculiares madeiras são ouvidas em solo, particularmente nas duas danças em que antigos ritmos e árias alemãs são tratados no estilo peculiar de Orff. A percussão, reforçada por pianos, acentua o élan da partitura.
                A gama expressiva de Carmina Burana estende-se da terna poesia do amor e da natureza, e da elegância burgúndia de uma “Cour d’amours”, ao entusiasmo agressivo (“In taberna”), efervescente joie de vivre (o solo de barítono “Estuans interius”), e à força devastadora do coro da fortuna cercando o todo. O latim medieval da canção dos viajantes eruditos é penetrado pela antiga concepção de que a vida humana está submetida aos caprichos da roda-da-fortuna, e que a Natureza, o Amor, a Beleza, o Vinho e a Exuberância da vida estão à mercê da eterna lei da mutabilidade. O homem é visto sob uma luz dura, não sentimental; como um joguete de forças impenetráveis e misteriosas. Esse ponto-de-vista é plenamente característico da atitude anti-romântica da obra.






FORTUNA IMPERATRIZ DO MUNDO




O Fortuna
velut luna
statu variabilis,
semper crescis
aut decrescis.
vita detestabilis,
nunc obdurat
et tunc curat;
ludo mentis aciem,
egestatem,
potestatem
dissolvit ut glaciem.

Sors immanis
et inanis,
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus
semper dissolubilis,
obumbrata
et velata
michi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.

Sors salutis
et virtutis
michi nunc contraria,
est affectus
et defectus
semper in angaria.
Hac in hora
sine mora
corde pulsum tangite;
quod per sortem
sternit fortem,
mecum omnes plangite!

 

01. Ó Fortuna



Ó Fortuna
és como a Lua
mutável,
sempre aumentas
e diminuis;
a detestável vida
ore escurece
e ora clareia
por brincadeira a mente;
miséria,
poder,
ela os funde como gelo.

Sorte monstruosa
e vazia,
tu – roda volúvel –
és má,
vã é a felicidade
sempre dissolúvel,
nebulosa
e velada
também a min contagias;
agora por brincadeira
o dorso nu
entrego à tua perversidade.

A sorte na saúde
e virtude
agora me é contrária.
e tira
mantendo sempre escravizado.
nesta hora
sem demora
tange a corda vibrante;
porque a sorte
abate o forte,
chorais todos comigo!




Fortune plango vulnera
stillantibus ocellis
quod sua michi munera
subtrahit rebellis.
Verum est, quod legitur,
fronte capillata,
sed plerumque sequitur
Occasio calvata.

In Fortune solio
sederam elatus,
prosperitatis vario
flore coronatus;
quicquid enim florui
felix et beatus,
nunc a summo corrui
gloria privatus.

Fortune rota volvitur:
descendo minoratus;
alter in altum tollitur;
nimis exaltatus
rex sedet in vertice
caveat ruinam!
nam sub axe legimus
Hecubam reginam.

02. Choro as Feridas da Fortuna


Choro as feridas da fortuna
com os olhos rútilos;
pois que o que me deu
ela perversamente me toma.
O que se lê é verdade:
esta bela cabeleira,
quando se quer tomar,
calva se mostra

No trono da Fortuna
sentava-me no alto,
coroado por multicores
flores da prosperidade;
mas por mais prospero que eu tenha sido,
feliz e abençoado,
do pináculo agora despenquei,
privado da glória.

A roda da Fortuna girou:
desço aviltado;
um outro foi guindado ao alto;
desmensuradamente exaltado
o rei senta-se no vertice –
precavenha-se contra a ruína!
porque no eixo se lê
rainha Hécuba.
                      
 

I. PRIMO VERE

I. PRIMAVERA




Veris leta facies
mundo propinatur,
hiemalis acies
victa iam fugatur,
in vestitu vario
Flora principatur,
nemorum dulcisono
que cantu celebratur. Ah!

Flore fusus gremio
Phebus novo more
risum dat, hac vario
iam stipate flore.
Zephyrus nectareo
spirans in odore.
Certatim pro bravio
curramus in amore. Ah!

Cytharizat cantico
dulcis Philomena,
flore rident vario
prata iam serena,
salit cetus avium
silve per amena,
chorus promit virgin
iam gaudia millena. Ah!

 

03. A alegre face da primavera



A alegre face da primavera
volta-se para o mundo,
o rigoroso inverno
já foge vencido.
Com sua colorida vestimenta
Flora preside,
docemente a floresta
em cantos a celebra. Ah!

Estendido no regaço de Flora
Febo mais um vez
sorri, agora coberto
de flores multicores.
Zéfiro respira
seu suave odor,
corramos a concorrer
ao prêmio do amor. Ah!

O doce rouxinol
faz soar sua lira,
já riem
as luminosas clareiras floridas,
saem os pássaros em revoada
dos bosques encantadores,
e o coro das donzelas
anuncia delícias mil. Ah!

 

04. Omnia sol temperat


Omnia sol temperat
purus et subtilis,
novo mundo reserat
faciem Aprilis,
ad amorem properat
animus herilis
et iocundis imperat
deus puerilis.

Rerum tanta novitas
in solemni vere
et veris auctoritas
jubet nos gaudere;
vias prebet solitas,
et in tuo vere
fides est et probitas
tuum retinere.

Ama me fideliter,
fidem meam noto:
de corde totaliter
et ex mente tota
sum presentialiter
absens in remota,
quisquis amat taliter,
volvitur in rota.

 

04. O sol a tudo esquenta


O sol a tudo esquenta
puro e suave,
novamente revela ao mundo
a face de Abril;
para o amor é impelida
a alma do homem
e jovial impera
o deus-menino.

Toda essa renovação
na gloriosa estação
e por ordem da primavera
leva-nos a rejubilar;
abre-te os caminhos conhecidos,
e em tua renovação
é justo e correto
que desfrutes do que é teu.

Ama-me fielmente!
Vê como sou fiel:
com todo o meu coração
e com toda a minha alma,
estou contigo
mesmo quando distante.
Quem quer que ame assim
gira a roda.

 

05. Ecce gratum


Ecce gratum
et optatum
Ver reducit gaudia,
purpuratum
floret pratum,
Sol serenat omnia.
Iamiam cedant tristia!
Estas redit,
nunc recedit
Hyemis sevitia. Ah!

Iam liquescit
et decrescit
grando, nix et cetera;
bruma fugit,
et iam sugit
Ver Estatis ubera;
illi mens est misera,
qui nec vivit,
nec lascivit
sub Estatis dextera.

Gloriantur
et letantur
in melle dulcedinis,
qui conantur,
ut utantur
premio Cupidinis:
simus jussu Cypridis
gloriantes
et letantes
pares esse Paridis. Ah!

 

05. Eis a cara primavera


Eis a cara
e desejada
primavera que traz de volta a alegria:
flores púrpuras
cobrem os prados,
o sol a tudo ilumina.
Já se dissipam as tristezas!
Retorna o verão,
agora fogem
os rigores do inverno. Ah!

Já se liqüefazem
e desaparecem
o gelo, neve, etc.
a bruma foge,
e a primavera suga
o seio do verão;
é de lamentar-se
aquele que não vive
nem se entrega
à doce lei do verão. Ah!

Que provem glória
 felicidade
doce como o mel,
aqueles que ousam
aspirar
ao prêmio de Cupido;
sob o comando de Vênus
glorifiquemos
e rejubilemo-nos
a exemplo de Páris. Ah!
                            

UF DEM ANGER

NO PRANDO


06. Tanz

06. Dança



Floret silva nobilis
floribus et foliis.
Ubi est antiquus
meus amicus? Ah!
Hinc equitavit!
Eia, quis me amabit? Ah!


Floret silva undique,
nah min gesellen ist mir we.
Gruonet der walt allenthalben
wa ist min geselle alse lange? Ah!
Der ist geriten hinnen,
o wi, wer sol mich minnen? Ah!


07. Cobre-se a nobre floresta


Cobre-se a nobre floresta
de flores e de folhas.
Onde está
meu antigo amor? Ah!
Ele correu cavalgou para longe!
Oh, quem irá me amar? Ah!


A floresta floresce em toda parte,
Estou ansiando por meu amor.
As florestas verdejam em toda parte,
Por que meu amado demora tanto? Ah!
Ele cavalgou para longe,
Oh, quem irá me amar? Ah!



Chramer, gip die varwe mir,
die min wengel roete,
damit ich die jungen man
an ir dank der minnenliebe noete.

Seht mich an
jungen man!
lat mich iu gevallen!

Minnet, tugentliche man,
minnecliche frouwen!
minne tuot iu hoch gemout
unde lat iuch in hohen eren schouwen

Seht mich an
jungen man!
lat mich iu gevallen!

Wol dir, werit, daz du bist
also freudenriche!
ich will dir sin undertan
durch din liebe immer sicherliche.

Seht mich an,
jungen man!
lat mich iu gevallen!


08. Mercador, dá-me as cores


Mercador, dá-me as cores,
para avermelhar minhas faces,
de modo que eu possa fazer os jovens
me amarem irresistivelmente.

Olhem para mim,
rapazes!
Deixem-me seduzi-los!

Bons homens, amem
as mulheres carentes de amor!
O amor enobrecerá seus espíritos.
e lhes trará honra

Olhem para mim,
rapazes!
Deixem-me seduzi-los!

Salve, mundo
tão rico de alegrias!
ser-te-ei obediente
pelos prazeres que me permites

Olhem para mim,
rapazes!
Deixem-me seduzi-los!

09. Reie


Swaz hie gat umbe,
daz sint alles megede,
die wellent an man
allen disen sumer gan! Ah! Sla!

Chume, chum, geselle min
ih enbite harte din,
ih enbite harte din,
chume, chum, geselle min.

Suzer rosenvarwer munt,
chum un mache mich gesunt
chum un mache mich gesunt,
suzer rosenvarwer munt


Swaz hie gat umbe,
daz sint alles megede,
die wellent an man
allen disen sumer gan! Ah! Sla!

09. Dança Circular


Aquelas que ali giram em roda,
são todas donzelas,
elas querem passar sem um homem
todo o verão. Ah! Sla!

Vem, vem, meu amor,
eu suspiro por ti,
eu suspiro por ti,
vem, vem, meu amor.

Doces lábios rosados,
venham e façam-me sadia
venham e façam-me sadia
doces lábios rosados


Aquelas que ali giram em roda,
são todas donzelas,
elas querem passar sem um homem
todo o verão. Ah! Sla!



Were diu werlt alle min
von deme mere unze an den Rin
des wolt ih mih darben,
daz diu chunegin von Engellant
lege an minen armen. Hei!

10. Se todo o mundo fosse meu


Se todo o mundo fosse meu,
do mar até o Reno,
eu a ele renunciaria
se a Rainha da Inglaterra
tivesse em meus braços. Hei!

II. IN TABERNA

II. NA TABERNA




Estuans interius
ira vehementi
in amaritudine
loquor mee menti:
factus de materia,
cinis elementi
similis sum folio,
de quo ludunt venti.

Cum sit enim proprium
viro sapienti
supra petram ponere
sedem fundamenti,
stultus ego comparor
fluvio labenti,
sub eodem tramite
nunquam permanenti.

Feror ego veluti
sine nauta navis,
ut per vias aeris
vaga fertur avis;
non me tenent vincula,
non me tenet clavis,
quero mihi similes
et adiungor pravis.

Mihi cordis gravitas
res videtur gravis;
iocis est amabilis
dulciorque favis;
quicquid Venus imperat,
labor est suavis,
que nunquam in cordibus
habitat ignavis.

Via lata gradior
more iuventutis
inplicor et vitiis
immemor virtutis,
voluptatis avidus
magis quam salutis,
mortuus in anima
curam gero cutis.


11. Queimando por dentro


Queimando por dentro
com veemente ira,
na amargura,
falei para min mesmo:
feito de matéria,
da cinza dos elementos,
sou com a folha
com quem brincam os ventos.

Se é este o caminho
do homem sábio,
construir sobre a pedra
as fundações da casa,
então sou um louco comparável
ao rio que corre,
eu que em seu curso
nunca se altera

Sou levado
como um navio sem piloto,
como através do ar
um pássaro a deriva;
nenhum vinculo me prende,
nenhuma chave me aprisiona,
busco meus semelhantes,
e me junto aos insensatos.

Meu coração pesado
é um fardo para mim;
o divertir-se é agradável
e mais doce que o favo de mel;
onde quer que Vênus impere,
o trabalho suave,
ela nunca habita
em corações indolentes

Meu caminho é amplo
como o quer minha juventude,
entrego-me aos meus vícios,
esquecido das virtudes,
mais ávido de volúpias
do que de salvação,
morta minh’alma
só minha pele me importa.



Olim lacus colueram,
olim pulcher extiteram,
dum cignus ego fueram.
Miser, miser!
modo niger
et ustus fortiter!


Girat, regirat garcifer;
me rogus urit fortiter;
propinat me nunc dapifer,
Miser, miser!
modo niger
et ustus fortiter!


Nunc in scutella iaceo,
et volitare nequeo
dentes frendentes video.
Miser, miser!
modo niger
et ustus fortiter!

12. Um dia morei no lago


Um dia morei no lago,
um dia fui belo,
quando eu era um cisne.
Ai de mim, ai de mim!
Agora negro
e completamente assado


Gira e gira o assador;
estou queimado completamente na pira:
o garçom agora me serve.
Ai de mim, ai de mim!
Agora negro
e completamente assado


Agora repouso em um prato,
e não posso mais voar.
vejo dentes rangendo
Ai de mim, ai de mim!
Agora negro
e completamente assado



Ego sum abbas Cucaniensis
et consilium meum est cum bibulis,
et in secta Decii voluntas mea est,

et qui mane me quesierit in taberna,

post vesperam nudus egredietur,
et sic denudatus veste clamabit:

Wafna, wafna!
quid fecisti sors turpassi
Nostre vite gaudia
abstulisti omnia!
Haha!


13. Sou o abade


Sou o abade Cucaniense,
meu concilio é com os bebedores,
e quero pertencer à seita de Décio[1].

e quem me procurar de manha na taberna,

a noite será deixado nu,
e assim despojado de suas vestes gritará:

Aí de mim! Aí de mim!
que fizestes, ó execrável sorte?
nos tomastes da vida
todos os prazeres!
Haha!



In taberna quando sumus
non curamus quid sit humus,
sed ad ludum properamus,
cui semper insudamus.
Quid agatur in taberna
ubi nummus est pincerna,
hoc est opus ut queratur,
si quid loquar, audiatur.

Quidam ludunt, quidam bibunt,
quidam indiscrete vivunt.
Sed in ludo qui morantur,
ex his quidam denudantur
quidam ibi vestiuntur,
quidam saccis induuntur.
Ibi nullus timet mortem,
sed pro Baccho mittunt sortem.

Primo pro nummata vini,
ex hac bibunt libertini;
semel bibunt pro captivis,
post hec bibunt ter pro vivis,
quater pro Christianis cunctis,
quinquies pro fidelibus defunctis,
sexies pro sororibus vanis,
septies pro militibus silvanis.

Octies pro fratribus perversis,
nonies pro monachis dispersis,
decies pro navigantibus
undecies pro discordaniibus,
duodecies pro penitentibus,
tredecies pro iter agentibus.
Tam pro papa quam pro rege
bibunt omnes sine lege.

Bibit hera, bibit herus,
bibit miles, bibit clerus,
bibit ille, bibit illa,
bibit servis cum ancilla,
bibit velox, bibit piger,
bibit albus, bibit niger,
bibit constans, bibit vagus,
bibit rudis, bibit magnus,

Bibit pauper et egrotus,
bibit exul et ignotus,
bibit puer, bibit canus,
bibit presul et decanus,
bibit soror, bibit frater,
bibit anus, bibit mater,
bibit ista, bibit ille,
bibunt centum, bibunt mille.

Parum sexcente nummate
durant, cum immoderate
bibunt omnes sine meta.
Quamvis bibant mente leta,
sic nos rodunt omnes gentes
et sic erimus egentes.
Qui nos rodunt confundantur
et cum iustis non scribantur.

Io io io io io io io io io io!

14. Quando estamos na taberna


Quando estamos na taberna,
não pensamos na morte,
corremos a jogar,
o que nos faz sempre suar.
O que se passa na taberna,
onde o dinheiro é hospedeiro,
podeis querer saber,
escutais pois o que eu digo.

Uns jogam, uns bebem;
uns vivem licenciosamente.
mas dos que jogam,
uns ficam em pelo,
uns ganham aqui suas roupas,
uns se vestem com sacos.
Aqui ninguém teme a morte,
mas todos jogam por Baco.

Primeiro ao mercador de vinho,
é que bebem os libertinos;
uma vez aos prisioneiros,
depois bebem três vezes aos vivos,
quatro a todos os cristãos,
cinco aos fiéis defuntos,
seis às irmãs perdidas,
sete aos guardas  florestais.

Oito aos irmãos desgarrados,
nove aos monges errantes,
dez aos navegantes,
onze aos brigões,
doze aos penitentes,
treze aos viajantes.
Tanto ao Papa quanto ao Rei
bebem todos sem lei.

Bebe a amante, bebe o senhor,
bebe o soldado, bebe o clérigo.
Bebe ele, bebe ela,
bebe o servo com a serva,
bebe o esperto, bebe o preguiçoso,
bebe o branco, bebe o negro,
bebe o sedentário, bebe o nômade,
bebe o estúpido, bebe o douto,

Bebem o pobre e o doente,
bebem o estrangeiro e o desconhecido.
bebe a criança, bebe o velho,
bebem o prelado e o diácono,
bebe a irmã, bebe o irmão,
bebe a anciã, bebe a mãe,
bebe este, bebe aquele,
bebem cem, bebem mil.

 Seiscentas moedas não são suficientes,
se todos bebem imoderadamente
sem freio.
bebam quanto for, o espírito alegre,
Todo mundo nos denigre,
e assim ficamos desprovidos.
Que sejam confundidos os que nos difamem
e sejam seus nomes riscados do livro dos justos

Io io io io io io io io io io!

III. COUR D'AMOURS

III. CORTE DE AMORES




Amor volat undique,
captus est libidine.
Iuvenes, iuvencule
coniunguntur merito.
Siqua sine socio,
caret omni gaudio;
tenet noctis infima
sub intimo
cordis in custodia;
fit res amarissima.


15. O amor voa por toda parte


O amor voa por toda parte,
prisioneiros do desejo.
Rapazes, raparigas
unem-se como devem.
Se a jovem não tem parceiro,
desaparece-lhe toda a alegria;
ela mantém a noite escura
escondida
em seu coração:
é um sorte muito amarga



Dies, nox et omnia
michi sunt contraria,
virginum colloquia
me fay planszer,
oy suvenz suspirer,
plu me fay temer.

O sodales, ludite,
vos qui scitis dicite
michi mesto parcite,
grand ey dolur,
attamen consulite
per voster honur.

Tua pulchra facies
me fay planszer milies,
pectus habet glacies.
A remender
statim vivus fierem
per un baser.

16. Dia, noite e tudo


Dia, noite e tudo
me são contrários,
a tagarelice das virgens
me faz chorar,
e com freqüência suspirar,
e mais me faz temer.

Ó amigos, estais brincando,
não sabeis o que dizeis,
a mim, infeliz, poupai,
grande é a minha dor,
aconselhai-me por fim
por vossa honra.

Teu belo rosto
me faz versar mil prantos,
tens o coração de gelo.
Como remédio,
serei ressuscitado
por um beijo.



Stetit puella
rufa tunica;
si quis eam tetigit,
tunica crepuit.
Eia!

Stetit puella
tamquam rosula;
facie splenduit,
os eius fioruit.
Eia!


17. Era uma menina


Era uma menina
com uma túnica vermelha;
se alguém tocasse nela,
a túnica farfalhava.
Eia!

Era uma menina
Como uma rosinha;
Sua face resplandescia
E tinha os lábios em flor.
Eia!



Circa mea pectora
multa sunt suspiria
de tua pulchritudine,
que me ledunt misere. Ah!
Mandaliet,
Mandaliet
min geselle
chõmet niet.

Tui lucent oculi
sicut solis radii,
sicut splendor fulguris
lucem donat tenebris. Ah!

Mandaliet
Mandaliet,
min geselle
chõmet niet.

Vellet deus, vallent dii
Quod mente proposui:
ut eius virginea
reserassem vincula. Ah!

Mandaliet,
Mandaliet,
Min geselle
Chõmet niet.


18. Em meu peito


Em meu peito
Estão muitos suspiros
Por tua beleza,
Que me faz voluptuoso. Ah!
Mandaliet,
Mandaliet,
Meu amor
não vem.

Teus olhos brilham
como raios de sol,
como o esplendor do raio
que ilumina as trevas. Ah!

Mandaliet,
Mandaliet,
Meu amor
não vem.

Queira Deus, queiram os deuses,
aplacar  meu desejo:
que eu possa romper
as cadeias da sua virgindade. Ah!

Mandaliet,
Mandaliet,
Meu amor
não vem.



Si puer cum puellula
Moraretur in cellula,
Felix coniunctio.
Amore suscrescente
Pariter e medio
Avulso procul tedio,
fit ludus ineffabilis
membris, lacertis, labii.


19. Se um menino com um menina


Se um menino com um menina
se encontram em um quarto.
o casamento é feliz.
O amor avulta,
e entre eles
a vergonha é posta de lado
e tem inicio um jogo inefável
em seus membros, braços e lábios.



Veni, veni, venias,
ne me mori facias,
hyrca, hyrce, nazaza,
trillirivos...

Pulchra tibi facies
oculorum acies,
capillorum series,
o quam clara species!

Rosa rubicundior,
lilio candidior,
omnibus formosior,
semper in te glorior!


20. Vem, vem, ó vem


Vem, vem, ó vem,
não me faças morrer.
hyrca, hyrce, nazaza,
trillirivos...

Teu belo rosto,
teus olhos brilhantes,
teu cabelo trançado,
que gloriosa criatura!

Mais rubra que a rosa,
mais branca que o lírio,
mais bela que qualquer outra,
sempre em ti glorificarei.



In truitina mentis dubia
fluctuant contraria
lascivus amor et pudicitia.

Sed eligo quod video,
collum iugo prebeo;
ad iugum tamen suave transeo.


21. Na balança


Na balança os sentimentos oscilam
Um contra o outro;
Amor lascivo e pudor.

Mas escolho o que vejo,
E coloco meu pescoço sob o jugo;
Ao jogo suave todavia me submeto.



Tempus es iocundum
o virgines,
modo congaudete
vos iuvenes!
Oh, oh, oh!
totus floreo,
iam amore virginali totus ardeo!
novus, novus amor est, quo pereo!

Mea me confortat
promissio,
mea me deportat
negatio.
Oh, oh, oh
totus floreo
iam amore virginali totus ardeo!
novus, novus amor est, quo pereo!

Tempore brumali
vir patiens,
animo vernali
lasciviens.
Oh, oh, oh,
totus floreo,
iam amore virginali totus ardeo!
novus, novus amor est, quo pereo!

Mea mecum ludit
virginitas,
mea me detrudit
simplicitas.
Oh, oh, oh,
totus floreo,
iam amore virginali totus ardeo!
novus, novus amor est, quo pereo!

Veni, domicella,
cum gaudio,
veni, veni, pulchra,
iam pereo!
Oh, oh, oh,
totus floreo,
iam amore virginali totus ardeo!
novus, novus amor est, quo pereo!


22. O tempo é de alegria


O tempo é de alegria,
Ó virgens,
vinde divertir-vos,
ó rapazes!
Oh, oh, oh!
floresço inteiro!
ardo todo de um amor virginal!
novo, novo amor é o que me faz perecer!

Minha promessa
me conforta,
minha recusa
me desola.
Oh, oh, oh!
floresço inteiro!
ardo todo de um amor virginal!
novo, novo amor é o que me faz perecer!

No tempo das brumas
o homem é paciente,
o sopro da primavera
o torna lascivo.
Oh, oh, oh!
floresço inteiro!
ardo todo de um amor virginal!
novo, novo amor é o que me faz perecer!

Minha virgindade
brinca comigo
minha simplicidade
me preserva.
Oh, oh, oh!
floresço inteiro!
ardo todo de um amor virginal!
novo, novo amor é o que me faz perecer!

Vem, amante,
com alegria
vem, vem, linda.
estou morrendo!
Oh, oh, oh!
floresço inteiro!
ardo todo de um amor virginal!
Novo, novo amor é o que me faz perecer!



 Dulcissime,Ah!
 totam tibi subdo me!


23. Amor querido


Amor querido. Ah!
Me entrego toda a ti!

BLANZIFLOR ET HELENA

BLANCHEFLEUR[2] E HELENA




Ave formosissima,
Gemma pretiosa,
ave decus virginum,
virgo gloriosa,
ave mundi luminar,
ave mundi rosa,
Blanziflor et Helena,
Venus generosa!

24. Salve formosíssima


Salve, formosíssima,
Jóia preciosa,
Salve, orgulho das virgens,
Virgem gloriosa,
Salve, luz do mundo,
Salve, rosa do mundo
Blanchefleur e Helena,
Generosa Vênus!

FORTUNA IMPERATRIX MUNDI

FORTUNA IMPERATRIZ DO MUNDO

 

25. O Fortuna



O Fortuna
velut luna
statu variabilis,
semper crescis
aut decrescis.
vita detestabilis,
nunc obdurat
et tunc curat;
ludo mentis aciem,
egestatem,
potestatem
dissolvit ut glaciem.

Sors immanis
et inanis,
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus
semper dissolubilis,
obumbrata
et velata
michi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.

Sors salutis
et virtutis
michi nunc contraria,
est affectus
et defectus
semper in angaria.
Hac in hora
sine mora
corde pulsum tangite;
quod per sortem
sternit fortem,
mecum omnes plangite!

 

25. Ó Fortuna



 Ó Fortuna
és como a Lua
mutável,
sempre aumentas
e diminuis;
a detestável vida
ore escurece
e ora clareia
por brincadeira a mente;
miséria,
poder,
ela os funde como gelo.

Sorte monstruosa
e vazia,
tu – roda volúvel –
és má,
vã é a felicidade
sempre dissolúvel,
nebulosa
e velada
também a min contagias;
agora por brincadeira
o dorso nu
entrego à tua perversidade.

A sorte na saúde
e virtude
agora me é contrária.
da
e tira
mantendo sempre escravizado.
nesta hora
sem demora
tange a corda vibrante;
porque a sorte
abate o forte,
chorais todos comigo!

[1] Décio: santo fictício, patrono dos jogadores de dados
[2] Heroína de uma saga popular medieval