Um novo álbum dos Pink Floyd, vinte anos de­pois de The Di­vi­sion Bell, será lan­çado em ou­tubro?
Eis uma no­tícia capaz de animar as con­versas dos fãs da banda nos pró­ximos meses. Um novo disco sem Ri­chard Wright, fa­le­cido em se­tembro de 2008? Sem Roger Wa­ters, que aban­donou o grupo? No que diz res­peito a Wright, não.
O disco surge a partir de ma­te­rial gra­vado entre 1993 e 1994 que Gil­mour e Nick Mason co­me­çaram a re­ci­clar no ano pas­sado. Esse ma­te­rial foi com­posto du­rante as ses­sões de The Di­vi­sion Bell e con­siste em temas am­bi­en­tais, todos ins­tru­men­tais, gra­vados por Gil­mour, Wright e Mason.
O con­junto desses temas «es­con­didos» passou a ser co­nhe­cido com o nome «The Big Spliff», o «disco se­creto» da banda. Uma faixa de 22 mi­nutos – Sounds­cape – era to­cada antes do início dos con­certos da turné Pulse e foi pu­bli­cada em 2006 no DVD do mesmo nome. Pode ser ou­vida aqui.
Há algum tempo que se es­pe­cu­lava que David Gil­mour es­tava prestes a lançar um novo disco – o que não se sabia é que a foto re­ve­lada no Ins­ta­gram da can­tora Durga Mc­Broom-Hudson – há muito tempo que ela co­la­bora com a banda – não mos­trava uma sessão de gra­vação de Gil­mour mas dos Pink Floyd, com a in­clusão de vozes em al­gumas faixas de «The Big Spliff».

A canção do cisne de Ri­chard Wright

Richard Wright, David Gilmour e Nick Mason
Ri­chard Wright, David Gil­mour e Nick Mason
O disco será, na sua es­sência, uma ho­me­nagem a Ri­chard Wright – o seu canto de cisne, como de­finiu a es­cri­tora Polly Samson, mu­lher de Gil­mour e a pri­meira a lançar a no­tícia, via Twitter.
Terá temas com­postos por Wright que não che­garam a ser in­cluídos na versão final de The Di­vi­sion Bell e foram sendo tra­ba­lhados nos úl­timos meses por Gil­mour. Polly Samson já fi­zera as le­tras de The Di­vi­sion Bell e volta a ser a le­trista em The En­dless River. O nome do disco é uma re­fe­rência à letra de High Hopes, a úl­tima faixa de The Di­vi­sion Bell.
Graham Nash e David Crosby cantam numa das can­ções do novo disco, esta com­posta por Gil­mour. Em en­tre­vista dada à es­tação de rádio VH-1, Graham Nash afirmou que «não só a canção é bri­lhante, como can­támos muito bem».
Os ru­mores de uma par­ti­ci­pação es­pe­cial de Roger Wa­ters, à laia de ho­me­nagem a Ri­chard Wright, não pa­recem ser ver­da­deiros: um ar­tigo no The Sun re­vela «a ale­gria de Gil­mour e Mason pela re­des­co­berta desse ma­te­rial», a «au­sência de qual­quer turné de su­porte ao álbum» e a ga­rantia dos dois mú­sicos de que Wa­ters não par­ti­ci­pará.

As ra­pa­rigas que car­re­garam a dis­co­grafia dos Pink Floyd às costas

Storm Thorgerson
O poster ori­ginal de pro­moção ao «Back Ca­ta­logue» dos Pink Floyd, con­ce­bido por Storm Thor­gerson. Da es­querda para di­reita, os ál­buns Atom Heart Mother (1970), Re­lics (com­pi­lação de 1971), Dark Side Of The Moon (1973), Wish You Were Here (1975), The Wall (1979) e Ani­mals (1977).
Nem era para ter sido assim – cinco belas mu­lheres para cinco belas capas. A ideia ori­ginal fora juntar as costas de ra­pazes e ra­pa­rigas, mas Storm Thor­gerson, ar­tista cri­ador das capas dos Pink Floyd, fa­le­cido em abril do ano pas­sado, viu logo que a di­fe­rença fi­si­o­nó­mica entre ho­mens e mu­lheres pre­ju­di­cava a har­monia de con­junto.
Cada uma das costas dos mo­delos re­pre­senta uma capa e as capas são todas de idên­tico ta­manho. Dada a di­fe­rença entre umas costas fe­mi­ninas e mas­cu­linas, o ar­tista ra­pi­da­mente con­cluiu que, a ser feito, tinha de ser só com ra­pazes ou ra­pa­rigas, nunca mis­tu­rados. Thor­gerson, «por ser homem», pre­feriu se­guir os seus pró­prios ins­tintos e es­co­lheu a ele­gância fe­mi­nina. Obri­gado, Storm, pelo bom gosto e sa­pi­ência.
Back Catalogue
Ou­tras fo­to­gra­fias para a sessão «Back Ca­ta­logue»
A ideia tomou forma em 1997. A pas­sagem dos discos em vinil para os CD dava a opor­tu­ni­dade às edi­toras de pu­bli­carem re­e­di­ções de ál­buns an­tigos. A EMI pre­ci­sava de pro­mover a re­e­dição do ca­tá­logo an­tigo dos Pink Floyd – o Back Ca­ta­logue – e en­car­regou Thor­gerson de reunir a equipa e os mo­delos. O facto de ter sido a pró­pria edi­tora a su­gerir que o back ca­ta­logue fosse pin­tado li­te­ral­mente nas costas dos mo­delos mostra que por ali tra­ba­lhava gente com bom sen­tido de humor.
A re­e­dição do ca­tá­logo do grupo já es­tava feita desde 1995. Toda a mú­sica fora cui­da­do­sa­mente re­mis­tu­rada a partir das master tapes e só fal­tava tratar do re­ju­ve­nes­ci­mento da em­ba­lagem. Muitas edi­toras li­mi­tavam-se a adaptar o de­sign do disco em vinil ori­ginal, es­pre­mendo-o sem ce­ri­mó­nias no CD. «Um sa­cri­légio», con­si­de­rava Thor­gerson, por isso a re­no­vação da em­ba­lagem tornou-se a pri­meira pri­o­ri­dade.
E foi neste con­texto que surgiu a ideia do poster. A foto foi ti­rada numa pis­cina in­te­rior em Putney, Lon­dres, pelo fo­tó­grafo Tony May. O ar­tista Phyllis Cohen teve então a ta­refa de pintar as capas, o que im­pli­cava um tra­balho de cinco, seis horas em cada uma das mo­delos. A iden­ti­dade das ra­pa­rigas con­tinua a ser um se­gredo por des­vendar: muitos fãs ten­taram, mas ne­nhum re­gressou com uma his­tória plau­sível.
A equipa de Thor­gerson não se li­mitou a pintar aquelas cinco capas nem tão-pouco se li­mitou à dis­co­grafia dos Pink Floyd: como podem ver, mais pos­ters foram sendo cri­ados a partir da mesma ideia.
Rupert Truman
Da es­querda para di­reita: Te­ch­nical Ecs­tasy, Black Sab­bath (1976), The Widow, The Mars Volta (single de 2005), Wake Up And Smell The Coffee, The Cran­ber­ries (2001), Ab­so­lu­tion, Muse (2003), De­cep­tive Bends, 10cc (1977) e o álbum ho­mó­nimo da banda Au­di­os­lave (2002). | Foto: Ru­pert Truman
Storm Thorgerson
Ga­so­line, Cathe­rine Wheel (single de 2000), Elegy, The Nice (1971), The Bottom Half, Umphrey’s McGee (2007), Dif­fi­cult To Cure, Rainbow (1981), o pri­meiro dos ál­buns ho­mó­nimos de Peter Ga­briel (lan­çado em 1977) e o DVD Pulse, dos Pink Floyd (2006).
Galeria Saint-Paul
Foto de um dos pos­ters em exi­bição na Ga­leria Saint-Paul, em Mon­treal, Ca­nadá: Lamb Lies Down On Bro­adway, Ge­nesis (1974), Bury The Hat­chet, The Cran­ber­ries (1999), Te­le­va­tors, The Mars Volta (single de 2004), Tree Of Half Life, Pink Floyd (2003), Pi­eces Of Eight, Styx (1978) e Mo­roccan Roll, Brand X (1977).
Back Catalogue
Echoes, Pink Floyd (com­pi­lação de 2001), Slip Stitch and Pass, Phish (1997), On Air, Alan Par­sons (1996), o álbum ho­mó­nimo dos Pro­gram The Dead (2005), Ch­rome, Cathe­rine Wheel (1993) e Lo­ve­drive, Scor­pions (1979).
Natalie Fletcher
Re­cri­ação feita pela body­painter Na­talie Flet­cher