AS MÚSICAS DE PROTESTO REALMENTE SÃO VERDADEIRAS, REALMENTE SURTEM EFEITO EM RELAÇÃO A ALGUMA MUDANÇA?
Dez canções de protesto
Carlos Saul Duque
Em ano de eleições majoritárias a gente recebe um bombardeio de propaganda política, seja ela direta ou disfarçada de inauguração. Ainda nem pegou fogo, mas os ataques e contra-ataques já estão cruzando os céus do Brasil. Parece que na véspera de concorrer todo o sistema político descobre que seus adversários não prestam.
Aproveitando o clima, o blog da Dez relembra dez canções que fazem parte da história política do Brasil. Todas elas já têm um bocado de estrada, pois foi difícil achar algo realmente novo pra colocar na lista. E vamos combinar que o funk do MC Vozão pedindo o Ronaldinho Gaúcho na Copa não é exatamente uma crítica política.
Talvez o protesto tenha saído de moda, ou o novo palco seja os linchamentos digitais no twitter. Não sei. O que importa é que estas dez canções são fantásticos trabalhos de criatividade, principalmente aquelas compostas durante a ditadura militar brasileira, onde era preciso driblar a censura com metáforas fora do alcance das autoridades.
Como eram apenas dez canções, muita gente boa ficou de fora. Mas a seleção é muito representativa. O país já teve rebeldes com bastante causa.
Aproveitando o clima, o blog da Dez relembra dez canções que fazem parte da história política do Brasil. Todas elas já têm um bocado de estrada, pois foi difícil achar algo realmente novo pra colocar na lista. E vamos combinar que o funk do MC Vozão pedindo o Ronaldinho Gaúcho na Copa não é exatamente uma crítica política.
Talvez o protesto tenha saído de moda, ou o novo palco seja os linchamentos digitais no twitter. Não sei. O que importa é que estas dez canções são fantásticos trabalhos de criatividade, principalmente aquelas compostas durante a ditadura militar brasileira, onde era preciso driblar a censura com metáforas fora do alcance das autoridades.
Como eram apenas dez canções, muita gente boa ficou de fora. Mas a seleção é muito representativa. O país já teve rebeldes com bastante causa.
Geraldo Vandré
Pra não dizer que não falei de flores
Pra não dizer que não falei de flores
Durante a década de 60, os Festivais da Canção da Record revelaram para o Brasil gente do peso de Gil, Caetano, Chico e Elis. Vandré estava entre eles e em 1968 compôs esta música, totalmente explícita, que acabou virando o hino da resistência ao regime militar. No mesmo ano, Geraldo Vandré fugiu do país, perseguido pelo regime.
Chico Buarque e Gilberto Gil interpretados por Chico e Milton Nascimento
Cálice
Cálice
Canção lindíssima, obra-prima do jogo de palavras. Ficou proibida durante anos. Tente se colocar no ambiente político do Brasil em 70 e veja como era difícil de dizer o que se pensava na época – a não ser que você fosse um gênio como Chico Buarque.
Roberto Carlos e Erasmo Carlos interpretados por Caetano Veloso
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Durante muito tempo não se soube que Roberto e Erasmo escreveram esta canção em 1971 em solidariedade a Caetano Velloso, que havia se exilado em Londres em 1969 por causa da ditadura militar. RC não pertencia ao grupo de artistas considerados politizados, mas foi genial ao compôr uma canção política com cara de declaracão de amor.
João Bosco e Aldir Blanc interpretados por Elis Regina
O bêbado e a equilibrista
O bêbado e a equilibrista
Esta música foi a trilha sonora da volta dos exilados políticos, que a partir de 1979 retornaram para o Brasil com a anistia. Letra emocional e cheia de referências a personalidades da época.
Paralamas do Sucesso
Alagados
Alagados
Os Paralamas sempre curtiram reggae, ska e outros ritmos afro-caribenhos. A banda tem várias canções politicamente engajadas, mas “Alagados” dá um recado muito forte sobre a miséria brasileira, sem necessariamente se tornar pesada. Preste atenção no segurança do baile funk “revistando” as partes íntimas do Herbert Vianna.
Léo Jaime
Solange
Solange
O primeiro disco de Léo Jaime, “Phodas C”, foi lançado em 1984 lacrado e proibido para menores de 18 anos. Pra se vingar, o cantor compôs esta música para homenagear Solange Hernandez, chefe da censura na época. Preste atenção: é uma versão de “So Lonely”, do Police.
Plebe Rude
Até quando esperar
Até quando esperar
Se você foi jovem nos anos 80 deve lembrar que Brasília tinha a “Turma da Colina”, integrada pela Plebe Rude, os Paralamas e o Aborto Elétrico, que deu origem ao Capital Inicial e à Legião Urbana. A Plebe era (ou é) engajadíssima e fazia uma mistura de pós-punk com new wave (se é que isso é possível). “Até quando esperar” é o grande hit deles.
Ultraje a Rigor
Inútil
Inútil
Deixando de lado a seriedade da Turma da Colina, vamos à banda que escrachou todas nos anos 80. O trabalho do Ultraje é inteligente, crítico e a canção “Inútil”, simplesmente sensacional. Letra que não envelhece, pra mim é a versão cantada de Macunaíma.
Cazuza
Brasil
Brasil
Cazuza gravou em 1988 o álbum “Ideologia”, do qual faz parte esta música. No mesmo ano, interpretada por Gal Costa, ela virou tema da novela “Vale Tudo”, onde Maria de Fátima (Glória Pires) aprontava todas, mas quem pagou o pato acabou sendo Odete Roitman (Beatris Segall). “Brasil” também acabou virando hino, durante o processo de impeachment de Collor de Melo em 1992.
Caetano Veloso e Gilberto Gil interpretados por Jorge Drexler
Haiti
Haiti
Muita gente só prestou a atenção no Haiti depois do terremoto, mas a vida por lá é uma merda faz muito tempo. Gil e Caetano gravaram “Haiti” em 1993 e a letra é um soco na cara. Com a tragédia do último final de ano, Jorge Drexler tocou esta linda versão em Madri em um programa de apoio ao país, exibido pela TVE España.
Angra dos Reis
Legião Urbana
Deixa, se fosse sempre assim
Quente, deita aqui perto de mim
Tem dias, que tudo está em paz
E agora os dias são iguais..
Se fosse só sentir saudade
Mas tem sempre algo mais
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar...
Vamos brincar perto da usina
Deixa pra lá
A Angra é dos Reis
Por que se explicar
Se não existe perigo...
Senti teu coração perfeito
Batendo à toa e isso dói
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar
Uh! Uh! Uh! Uh!...
Vai ver que não é nada disso
Vai ver que já não sei quem sou
Vai ver que nunca fui o mesmo
A culpa é toda sua e nunca foi...
Mesmo se as estrelas
Começassem a cair
A luz queimasse tudo ao redor
E fosse o fim chegando cedo
Você visse o nosso corpo
Em chamas!
Deixa, pra lá...
Quando as estrelas
Começarem a cair
Me diz, me diz
Pr'onde é
Que a gente vai fugir?
Quente, deita aqui perto de mim
Tem dias, que tudo está em paz
E agora os dias são iguais..
Se fosse só sentir saudade
Mas tem sempre algo mais
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar...
Vamos brincar perto da usina
Deixa pra lá
A Angra é dos Reis
Por que se explicar
Se não existe perigo...
Senti teu coração perfeito
Batendo à toa e isso dói
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar
Uh! Uh! Uh! Uh!...
Vai ver que não é nada disso
Vai ver que já não sei quem sou
Vai ver que nunca fui o mesmo
A culpa é toda sua e nunca foi...
Mesmo se as estrelas
Começassem a cair
A luz queimasse tudo ao redor
E fosse o fim chegando cedo
Você visse o nosso corpo
Em chamas!
Deixa, pra lá...
Quando as estrelas
Começarem a cair
Me diz, me diz
Pr'onde é
Que a gente vai fugir?
Índios
Legião Urbana
Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha
Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda
Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como um só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
Sua maldade, então
Deixaram Deus tão triste.
Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.
E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...
Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos, obrigado.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado
Por ser inocente.
Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.
E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha
Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda
Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como um só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
Sua maldade, então
Deixaram Deus tão triste.
Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.
E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...
Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos, obrigado.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado
Por ser inocente.
Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.
E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
Diversão
Titãs
A vida até parece uma festa,
Em certas horas isso é o que nos resta.
Não se esquece o preço que ela cobra,
Em certas horas isso é o que nos sobra.
Ficar frágil feito uma criança,
Só por medo ou por insegurança.
Ficar bem ou mal acompanhado,
Não importa se der tudo errado.
Às vezes qualquer um faz qualquer coisa
Por sexo, drogas e diversão.
Tudo isso às vezes só aumenta
A angústia e a insatisfação.
Às vezes qualquer um enche a cabeça de álcool
Atrás de distração.
Nada disso às vezes diminui
A dor e a solidão.
Tudo isso, às vezes tudo é fútil,
Ficar ébrio atrás de diversão.
Nada disso, às vezes nada importa,
Ficar sóbrio não é solução.
Diversão é solução sim,
Diversão é solução prá mim.
Diversão é solução sim,
Diversão é solução prá mim.
Diversão é solução sim,
Diversão é solução prá mim.
Diversão!
Diversão!
Em certas horas isso é o que nos resta.
Não se esquece o preço que ela cobra,
Em certas horas isso é o que nos sobra.
Ficar frágil feito uma criança,
Só por medo ou por insegurança.
Ficar bem ou mal acompanhado,
Não importa se der tudo errado.
Às vezes qualquer um faz qualquer coisa
Por sexo, drogas e diversão.
Tudo isso às vezes só aumenta
A angústia e a insatisfação.
Às vezes qualquer um enche a cabeça de álcool
Atrás de distração.
Nada disso às vezes diminui
A dor e a solidão.
Tudo isso, às vezes tudo é fútil,
Ficar ébrio atrás de diversão.
Nada disso, às vezes nada importa,
Ficar sóbrio não é solução.
Diversão é solução sim,
Diversão é solução prá mim.
Diversão é solução sim,
Diversão é solução prá mim.
Diversão é solução sim,
Diversão é solução prá mim.
Diversão!
Diversão!
Miséria
Titãs
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Índio, mulato, preto, branco
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Filhos, amigos, amantes, parentes
Riquezas são diferentes
Ninguém sabe falar esperanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Todos sabem usar os dentes
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Fracos, doentes, aflitos, carentes
Riquezas são diferentes
O Sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Cores, raças, castas, crenças
Riquezas são diferenças
A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Cores, raças, castas, crenças
Riquezas são diferenças
Índio, mulato, preto, branco
Filhos, amigos, amantes, parentes
Fracos, doentes, aflitos, carentes
Cores, raças, castas, crenças
Em qualquer canto miséria
Riquezas são miséria
Em qualquer canto miséria
Riquezas são diferentes
Índio, mulato, preto, branco
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Filhos, amigos, amantes, parentes
Riquezas são diferentes
Ninguém sabe falar esperanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Todos sabem usar os dentes
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Fracos, doentes, aflitos, carentes
Riquezas são diferentes
O Sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Cores, raças, castas, crenças
Riquezas são diferenças
A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Cores, raças, castas, crenças
Riquezas são diferenças
Índio, mulato, preto, branco
Filhos, amigos, amantes, parentes
Fracos, doentes, aflitos, carentes
Cores, raças, castas, crenças
Em qualquer canto miséria
Riquezas são miséria
Em qualquer canto miséria
Concordo plenamente com o artigo!
ResponderExcluirAs grandes vozes da nossa música emudeceram...
Lamentável, meu amigo pois era uma forte maneira de enriquecer a mente dos alienados...
Se causaram ou não mudanças em um sistema autoritário e cruel eu não sei...
Mas contribuiu fortemente para o desenvolvimento moral, ético e cultural do nosso país.
Parabéns por excelente artigo!
Compartilhado nas redes!
Grande abraço