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domingo, 30 de dezembro de 2012

ESTREIA HOJE NO BLOG:
 
SERES HUMANOS ÚTEIS
 
HOJE SINTO O DEVER DE PUBLICAR UMA MATÉRIA DO RICKY RIBEIRO, FUNDADOR DO PORTAL MOBILIZE - MOBILIDADE URBANA.
A VIDA E EMPENHO DESTE RAPAZ ME FAZ PENSAR DO SER OU NÃO SER HUMANO, POR VIVERMOS, PRINCIPALMENTE NO BRASIL, NUM PAÍS QUE EDUCAÇÃO, CULTURA E FILOSOFIA PRATICAMENTE NÃO EXISTE.
ÀS VEZES ACHO QUE O MUNDO VAI ACABAR POR FALTA DE ESPAÇO E OLHA QUE TEMOS UM PLANETA GIGANTESCO, QUASE INUTILIZADO PELA RAÇA HUMANA MAIORALMENTE ASQUEROSA.
IDEIAS DE PESSOAS COMO ESTE RAPAZ SÃO SIMPLESMENTE O COMBUSTÍVEL PARA ACREDITARMOS QUE UM ESPAÇO BEM DIVIDIDO, ORGANIZADO E RESPEITADO FAZ ACREDITAR QUE FILOSOFIA, CULTURA E ARTE DE FAZER O BEM E SER CIDADÃO, RESTAURA ALGUNS SERES A QUEREREM SER HUMANOS.

Mobilize-se!
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Qua, 21 de Setembro de 2011 16:21

Ele quer mobilizar os cidadãos em nome de uma cidade mais sustentável. Conversamos com o idealizador do Portal Mobilize

O diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), em 2008, não impediu que Ricky Ribeiro, na época com 28 anos, lutasse para colocar em prática suas ideias. Graduado em Administração Pública pela FGV-EAESP, com mestrado em Sustentabilidade pela Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, o jovem administrador público usou sua experiência nas áreas da mobilidade urbana e sustentabilidade para criar o Mobilize (www.mobilize.org.br), o primeiro portal brasileiro sobre mobilidade urbana sustentável. Atualmente, Ricky está em uma cadeira de rodas, com comprometimento da movimentação e da fala, o que não o impede de seguir trabalhando ativamente com auxílio da tecnologia e das pessoas que o cercam, mobilizando, literalmente, outras pessoas.

Lançado esta semana, trazendo um estudo inédito sobre a mobilidade urbana em capitais brasileiras, o
www.mobilize.org.br, não tem fins lucrativos e foi concebido com o objetivo de estimular o debate sobre o tema de mobilidade urbana e despertar a mobilização dos cidadãos nas grandes cidades. Conversamos com o idealizador deste projeto para saber mais sobre este assunto - mobilize-se também e confira a entrevista!

Portal Mara Gabrilli: Como surgiu a ideia do Mobilize?
Ricky Ribeiro: Meu interesse por mobilidade e urbanismo ganhou importância quando fui morar em Barcelona para cursar um Mestrado em Sustentabilidade. Fiquei encantado em constatar que a qualidade de vida das pessoas poderia ser infinitamente maior em uma cidade com uma disposição urbana inclusiva, que valoriza os espaços públicos, estimula a convivência social entre diferentes grupos e classes e prioriza os meios de transportes públicos e não motorizados. Depois de usufruir, durante dois anos e meio, deste estilo de vida em uma cidade compacta e acolhedora, comecei a estudar o assunto e a vislumbrar maneiras para melhorar a qualidade de vida nas cidades brasileiras.
No final de 2008, ao ser diagnosticado com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), tive que deixar meu trabalho como Consultor em Sustentabilidade e me adaptar a uma nova realidade. Em janeiro de 2011, cansado de me dedicar quase que exclusivamente a diferentes tratamentos, comecei a pesquisar e ler muito sobre mobilidade urbana sustentável. Ao me deparar com muitas informações dispersas pela internet, me veio a idéia de criar um portal para agregar, produzir e disseminar conteúdo de qualidade e relevância relacionados à temática.
PMG: O que você pretende alcançar com o portal?
Ricky: Pretendemos fomentar o debate público sobre mobilidade urbana sustentável no Brasil e ser um agente de educação e transformação social, disseminando uma cultura cidadã participativa em benefício da melhoria da qualidade de vida nas cidades. Talvez seja uma proposta um pouco pretensiosa mas, como pensar pequeno ou pensar grande despende a mesma energia, gostaríamos que o portal Mobilize se tornasse referência no assunto de mobilidade sustentável.
PMG: Quais as principais áreas da mobilidade urbana o portal pretende abordar?
Ricky: O foco do Mobilize é o transporte coletivo (sistemas de transporte sobre trilhos, como metrôs, trens e bondes modernos (VLTs), ônibus "limpos"), e o meio de transporte chamado “não motorizado”, que inclui bicicletas e pedestres.
Queremos reforçar também a importância de se ter calçadas confortáveis, niveladas, sem buracos e obstáculos, porque um terço das viagens realizadas nas cidades brasileiras é feita a pé ou em cadeiras de rodas.
PMG: Como as pessoas poderão participar do conteúdo do canal?
Ricky: O Mobilize surge como uma ferramenta de informação, reflexão e mobilização para o cidadão. A seção Mobilize-se é um espaço interativo totalmente dedicado à participação das pessoas onde os cidadãos, as ONGs, as empresas e os governos podem compartilhar suas idéias, projetos e ações em prol da mobilidade sustentável.
Na seção “Compartilhe situações” o usuário poderá registrar e compartilhar casos que favorecem ou prejudicam a mobilidade na sua cidade; em “Divulgue ações” as empresas, ONG´s e Governos poderão divulgar campanhas, eventos, projetos, estudos, audiências públicas, etc. Estes são alguns exemplos de como as pessoas poderão participar no portal.
PMG: O portal é acessível para pessoas com deficiência?
Ricky: Nesta versão inicial do portal, não existe adaptações específicas para as pessoas com deficiência visual, mas temos a intenção de, assim que possível, torná-lo acessível a todos.
PMG: O que falta para que as grandes cidades brasileiras alcancem o patamar de cidades modelos em mobilidade?
Ricky: Será necessária uma mudança de paradigma para as grandes cidades brasileiras alcançarem o patamar de cidades modelos em mobilidade. É preciso desenvolver um planejamento urbano, a longo prazo, com foco nas pessoas e não mais nos automóveis, como vem sendo feito até hoje. É imprescindível fazer pesados investimentos em transportes coletivos de qualidade além de integrar, no mesmo espaço, diferentes modais. É necessário re-significar as ruas para que elas voltem a ser espaços de convivência onde ciclistas e pedestres possam circular livremente sem medo de serem desrespeitados pelos motoristas.
Gosto muito de uma frase do Gilberto Dimenstein que ele ouviu de um urbanista. “A qualidade de uma cidade se mede pelo tamanho de suas calçadas”. As cidades modelos em mobilidade são aquelas que são inclusivas e agregadoras; onde o poder público e o privado interagem e se complementam; onde cada cidadão sente que a pertence por sentir-se pertencido; a respeita por sentir-se respeitado e ajuda a construí-la por sentir-se parte significativa desta construção. Se começarmos cuidando das nossas calçadas estaremos dando os primeiros passos...
PMG: Isso quer dizer que o primeiro passo começa com o envolvimento da população?
Ricky: Uma coisa que me impressionava em Barcelona é que, embora eu considerasse uma cidade modelo em mobilidade, os cidadãos estavam constantemente dialogando com o poder público e reivindicando melhorias no sistema de mobilidade que refletissem positivamente na qualidade de vida de cada um.
A atitude das pessoas reflete o grau de educação cidadã e faz com que a sociedade como um todo pressione os governantes para que políticas públicas sejam implantadas em prol de um bem comum.
No Brasil, para que a sociedade seja mais participativa nas decisões governamentais, é preciso é estreitar o diálogo entre governo, especialistas e associações representativas para que os interesses da população sejam concatenados e alcançados. Acreditamos que o Mobilize possa contribuir sobremaneira para aproximar esses grupos.
PMG: E no quesito sustentabilidade? O que seria uma cidade sustentável?
Ricky: Um modelo mais sustentável é o das cidades compactas com bairros multifuncionais, onde residência, trabalho, estudos e lazer estão próximos. Na maioria das cidades brasileiras as ofertas de emprego estão concentradas nas regiões centrais enquanto grande parte da população vive em bairros periféricos. As cidades compactas em geral são mais inclusivas socialmente e eficientes do ponto de vista energético e econômico, além de terem menor impacto ambiental.

PMG: O brasileiro já está mais habituado a este assunto?
Ricky: No Holanda e na Dinamarca o tema da mobilidade sustentável está na pauta dos governos há décadas. Na Alemanha existe um crescimento exponencial da mobilidade verde. O Brasil está acordando tarde para este tema. O termo “mobilidade” ainda causa estranhamento nas pessoas.
Quando fui fazer o Mestrado em Sustentabilidade em Barcelona, em 2004, poucos no Brasil sabiam o que significava essa palavra. Com o passar dos anos o termo sustentabilidade foi difundido pelas empresas e adotado como prática. Tenho certeza que o mesmo irá se passar com o termo “mobilidade”. Quando comecei a desenvolver o portal em janeiro as pessoas confundiam com “acessibilidade” por associarem à minha condição de cadeirante. Eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas além do PAC da Mobilidade, lançado em março pela Presidente Dilma Rousseff, estão contribuindo para difundir este conceito.
PMG: Você acredita que medidas deste tipo nascem do interesse da própria sociedade em conservar o lugar onde vive? A população também passou a cobrar por melhorias do Poder Público?
Ricky: O acesso fácil à informação faz com que as pessoas possam conhecer mais o que se passa ao seu redor, no seu bairro, na sua cidade mas ainda existe um longo caminho a percorrer. O acesso à informação não garante uma mudança de atitude. É preciso abrir mais espaços para discussões, tanto no entorno de onde vive cidadão como nas esferas governamentais, para que as políticas públicas venham ao encontro dos anseios da sociedade.
Felizmente as transformações, hoje em dia, são cada vez mais rápidas e as pessoas, através das redes sociais, se articulam com maior facilidade pressionando governos e governantes por melhores práticas.
PMG: O Mobilize também servirá como um canal de intermédio entre a população e seus gestores?
Ricky: Acredito que sim, este é o nosso grande desafio! O Mobilize surge com o objetivo de agregar, produzir e disseminar conteúdo de qualidade e relevância relacionados à mobilidade urbana sustentável e também com o objetivo de trazer à mesa de discussão políticas públicas, projetos e exemplos de melhores práticas. Para isso estamos trabalhando com diversas linguagens e mídias e explorando a interatividade com os diferentes públicos.
Junto com o lançamento do Mobilize estamos divulgando os resultados de um estudo inédito sobre “como anda a mobilidade nas maiores cidades brasileiras” revelando dados sobre a situação atual, a abrangência e a eficiência dos sistemas modais, impactos ambientais e planos de investimento em transporte nos próximos anos. Através desta “radiografia” dos sistemas de mobilidade no Brasil esperamos inspirar as pessoas a mobilizarem-se em prol desta causa que não é só minha, mas de todos os cidadãos!
Acesse www.mobilize.org.br e saiba mais!
 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

HOJE TEM ESTRÉIA NO BLOG:
PUBLICIDADE



Publicidade Surrealista

por Nilson Motta
O Surrealismo é um movimento artístico e literário surgido na França na segunda década do séc. XX. O termo havia sido cunhado por G. Apollinaire em 1917, significando "o que está acima do realismo". Sendo assim tenta superar os limites impostos à imaginação pelo pensamento lógico burguês e pelas concepções do Renascimento. O Surrealismo defendem então, a liberdade e a forma particular do indivíduo de interpretar o mundo, desprendido do predomínio da razão.

Podemos observar abaixo um exemplo de Surrealismo na Propaganda da Coca-cola.
Observe agora algumas pinturas do russo Vladmir Kush e compare com a propaganda acima, veja que o comercial da Coca-Cola possui uma fotografia e uma composição de cores muito semelhante as pinturas do russo. Além do predomínio onírico na propaganda e a manifestação do inconsciente na estética.

Interessante que o próprio anúncio da Coca-Cola se confunde com as obras de Vladmir Kush.
Surrealismo na Publicidade
Levando em consideração que o surrealismo não tem barreiras para a criatividade, o movimento está 100% inserido na publicidade. A publicidade se apropria do “que está acima do realismo”, mistura com um Q de apelo emocional, fazendo com que o público se identifique em várias situações. O que o público quer ver em um comercial é algo que expande os limites impostos à imaginação. Em publicidades que se baseiam do surrealismo a intenção é a liberdade que o público tem para interpretar aquele mundo imaginário que estamos oferecendo, o desprendido do predomínio da razão.

A fotografia da propaganda da Coca-Cola e a utilização das cores são muito parecidas com a composição de pinturas russas de Vladmir Kush. Outro exemplo de propaganda que utiliza esta vanguarda é a campanha da Volkswagen, que faz uma paródia do quadro de Salvador Dali.
A Levi’s, em uma de suas peças, foi inspirada pelo quadro “Vênus e o Marinheiro”, de Salvador Dalí.
Há também a fotografia publicitária de Pierre Jahan (1909-2003), um dos expoentes da fotografia surrealista e da fotografia publicitária. Os primeiros fotógrafos da fotografia publicitária foram justamente os pictorialistas, dadaístas, surrealistas. Ou seja, aqueles que acreditavam na fotografia construída, pensada e os que queriam dar à fotografia o status de expressão autônoma.
Graças ao Surrealismo, os artistas se libertaram das regras impostas pela sociedade. Eles não tinham mais limites criativos e puderem criar e formar imagens que só existiam na sua cabeça. Foi a partir do século XX que os artistas surrealistas puderam demonstrar e transcrever seus sonhos e fantasias.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

TEMA DE HOJE NO ESELAPES É:

AS MÚSICAS DE PROTESTO REALMENTE SÃO VERDADEIRAS, REALMENTE SURTEM EFEITO EM RELAÇÃO A ALGUMA MUDANÇA?

Dez canções de protesto

Carlos Saul Duque
Em ano de eleições majoritárias a gente recebe um bombardeio de propaganda política, seja ela direta ou disfarçada de inauguração. Ainda nem pegou fogo, mas os ataques e contra-ataques já estão cruzando os céus do Brasil. Parece que na véspera de concorrer todo o sistema político descobre que seus adversários não prestam.
Aproveitando o clima, o blog da Dez relembra dez canções que fazem parte da história política do Brasil. Todas elas já têm um bocado de estrada, pois foi difícil achar algo realmente novo pra colocar na lista. E vamos combinar que o
funk do MC Vozão pedindo o Ronaldinho Gaúcho na Copa não é exatamente uma crítica política.
Talvez o protesto tenha saído de moda, ou o novo palco seja os linchamentos digitais no twitter. Não sei. O que importa é que estas dez canções são fantásticos trabalhos de criatividade, principalmente aquelas compostas durante a ditadura militar brasileira, onde era preciso driblar a censura com metáforas fora do alcance das autoridades.
Como eram apenas dez canções, muita gente boa ficou de fora. Mas a seleção é muito representativa. O país já teve rebeldes com bastante causa.
Geraldo Vandré
Pra não dizer que não falei de flores
Durante a década de 60, os Festivais da Canção da Record revelaram para o Brasil gente do peso de Gil, Caetano, Chico e Elis. Vandré estava entre eles e em 1968 compôs esta música, totalmente explícita, que acabou virando o hino da resistência ao regime militar. No mesmo ano, Geraldo Vandré fugiu do país, perseguido pelo regime.
Chico Buarque e Gilberto Gil interpretados por Chico e Milton Nascimento
Cálice
Canção lindíssima, obra-prima do jogo de palavras. Ficou proibida durante anos. Tente se colocar no ambiente político do Brasil em 70 e veja como era difícil de dizer o que se pensava na época – a não ser que você fosse um gênio como Chico Buarque.
Roberto Carlos e Erasmo Carlos interpretados por Caetano Veloso
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Durante muito tempo não se soube que Roberto e Erasmo escreveram esta canção em 1971 em solidariedade a Caetano Velloso, que havia se exilado em Londres em 1969 por causa da ditadura militar. RC não pertencia ao grupo de artistas considerados politizados, mas foi genial ao compôr uma canção política com cara de declaracão de amor.
João Bosco e Aldir Blanc interpretados por Elis Regina
O bêbado e a equilibrista
Esta música foi a trilha sonora da volta dos exilados políticos, que a partir de 1979 retornaram para o Brasil com a anistia. Letra emocional e cheia de referências a personalidades da época.
Paralamas do Sucesso
Alagados
Os Paralamas sempre curtiram reggae, ska e outros ritmos afro-caribenhos. A banda tem várias canções politicamente engajadas, mas “Alagados” dá um recado muito forte sobre a miséria brasileira, sem necessariamente se tornar pesada. Preste atenção no segurança do baile funk “revistando” as partes íntimas do Herbert Vianna.
Léo Jaime
Solange
O primeiro disco de Léo Jaime, “Phodas C”, foi lançado em 1984 lacrado e proibido para menores de 18 anos. Pra se vingar, o cantor compôs esta música para homenagear Solange Hernandez, chefe da censura na época. Preste atenção: é uma versão de “So Lonely”, do Police.
Plebe Rude
Até quando esperar
Se você foi jovem nos anos 80 deve lembrar que Brasília tinha a “Turma da Colina”, integrada pela Plebe Rude, os Paralamas e o Aborto Elétrico, que deu origem ao Capital Inicial e à Legião Urbana. A Plebe era (ou é) engajadíssima e fazia uma mistura de pós-punk com new wave (se é que isso é possível). “Até quando esperar” é o grande hit deles.
Ultraje a Rigor
Inútil
Deixando de lado a seriedade da Turma da Colina, vamos à banda que escrachou todas nos anos 80. O trabalho do Ultraje é inteligente, crítico e a canção “Inútil”, simplesmente sensacional. Letra que não envelhece, pra mim é a versão cantada de Macunaíma.
Cazuza
Brasil
Cazuza gravou em 1988 o álbum “Ideologia”, do qual faz parte esta música. No mesmo ano, interpretada por Gal Costa, ela virou tema da novela “Vale Tudo”, onde Maria de Fátima (Glória Pires) aprontava todas, mas quem pagou o pato acabou sendo Odete Roitman (Beatris Segall). “Brasil” também acabou virando hino, durante o processo de impeachment de Collor de Melo em 1992.
Caetano Veloso e Gilberto Gil interpretados por Jorge Drexler
Haiti
Muita gente só prestou a atenção no Haiti depois do terremoto, mas a vida por lá é uma merda faz muito tempo. Gil e Caetano gravaram “Haiti” em 1993 e a letra é um soco na cara. Com a tragédia do último final de ano, Jorge Drexler tocou esta linda versão em Madri em um programa de apoio ao país, exibido pela TVE España.

Angra dos Reis

Legião Urbana

Deixa, se fosse sempre assim
Quente, deita aqui perto de mim
Tem dias, que tudo está em paz
E agora os dias são iguais..

Se fosse só sentir saudade
Mas tem sempre algo mais
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar...

Vamos brincar perto da usina
Deixa pra lá
A Angra é dos Reis
Por que se explicar
Se não existe perigo...

Senti teu coração perfeito
Batendo à toa e isso dói
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar
Uh! Uh! Uh! Uh!...

Vai ver que não é nada disso
Vai ver que já não sei quem sou
Vai ver que nunca fui o mesmo
A culpa é toda sua e nunca foi...

Mesmo se as estrelas
Começassem a cair
A luz queimasse tudo ao redor
E fosse o fim chegando cedo
Você visse o nosso corpo
Em chamas!
Deixa, pra lá...

Quando as estrelas
Começarem a cair
Me diz, me diz
Pr'onde é
Que a gente vai fugir?


Índios

Legião Urbana

Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha

Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda

Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como um só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
Sua maldade, então
Deixaram Deus tão triste.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do iní­cio ao fim.

E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...

Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos, obrigado.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado
Por ser inocente.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!

Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.



Diversão

Titãs

A vida até parece uma festa,
Em certas horas isso é o que nos resta.
Não se esquece o preço que ela cobra,
Em certas horas isso é o que nos sobra.

Ficar frágil feito uma criança,
Só por medo ou por insegurança.
Ficar bem ou mal acompanhado,
Não importa se der tudo errado.

Às vezes qualquer um faz qualquer coisa
Por sexo, drogas e diversão.
Tudo isso às vezes só aumenta
A angústia e a insatisfação.

Às vezes qualquer um enche a cabeça de álcool
Atrás de distração.
Nada disso às vezes diminui
A dor e a solidão.

Tudo isso, às vezes tudo é fútil,
Ficar ébrio atrás de diversão.
Nada disso, às vezes nada importa,
Ficar sóbrio não é solução.

Diversão é solução sim,
Diversão é solução prá mim.
Diversão é solução sim,
Diversão é solução prá mim.
Diversão é solução sim,
Diversão é solução prá mim.
Diversão!
Diversão!



Miséria

Titãs

Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Índio, mulato, preto, branco
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Filhos, amigos, amantes, parentes
Riquezas são diferentes
Ninguém sabe falar esperanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Todos sabem usar os dentes

Riquezas são diferentes

Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Fracos, doentes, aflitos, carentes
Riquezas são diferentes
O Sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Cores, raças, castas, crenças

Riquezas são diferenças
A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Cores, raças, castas, crenças

Riquezas são diferenças
Índio, mulato, preto, branco
Filhos, amigos, amantes, parentes
Fracos, doentes, aflitos, carentes
Cores, raças, castas, crenças
Em qualquer canto miséria
Riquezas são miséria
Em qualquer canto miséria



sábado, 17 de novembro de 2012

CINEMA

UM FILME BEM SURREALISTA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Brazil - O Filme
(Brazil, 1985)
Por Alexandre Koball Avaliação:                   9.0

 
A obra-prima máxima de Terry Gilliam foi um filme à frente de seu tempo, que ainda hoje fascina.
Terry Gilliam é um diretor complexo. Ou melhor: Terry Gilliam é um diretor de filmes complexos. Mas não só de filmes complexos também. É dele o filme considerado a melhor comédia de todos os tempos por muitas pessoas e críticos: Monty Python em Busca do Cálice Sagrado, talvez o filme do gênero que mais inspirou outros diretores em todos os tempos. Monty Python não é um filme complexo, mas mesmo assim é um filme altamente diferenciado. O diretor também fez o estranhíssimo (e também complexo) Os 12 Macacos, e seu filme mais recente é o esquisitão Medo e Delírio, uma viagem alucinante (ou seria alucinógena?) ao mundo das drogas.
Para este ano, Gilliam já está pré-produzindo (e vai dirigir) Good Omens. Se não ocorrer nenhum imprevisto, o filme deve chegar lá pelo final do ano nos Estados Unidos. Dificilmente vai conseguir, produções desse tipo geralmente são complexas (ops, de novo!). Good Omens é – adivinhem só! – outro filme com uma premissa bizarra: é uma fantasia sobre o Armageddon, com o anti-cristo chegando ao planeta na forma de um bebê. Vai dar o que falar... Bem, esse foi um resumo totalmente supérfluo da carreira de diretor de Terry Gilliam, mas é necessário para as pessoas entenderem o que estarão esperando caso resolvam aventurar-se no filme que é considerado a sua obra-prima até o momento: Brazil - O Filme!
Do nosso país, nosso querido Brasil, o filme tem muito pouco. Apenas a trilha sonora tem relação com ele. Pra ser mais exato, a música-tema do filme é a Aquarela do Brasil, clássico composto por Ary Barroso. De resto, não há nenhuma outra referência a nosso país. A história – uma ficção científica futurista e bastante fantasiosa – é sobre uma sociedade estranhíssima (assim como em 12 Macacos), depressiva, infeliz, altamente alienada por burocracia. Em Brazil, o mundo criado por Gilliam é ainda mais importante que seus personagens, embora estes sejam muito interessantes.
O clima do filme é escuro, depressivo, tedioso. O mundo é um completo caos. Se você acha as grandes metrópoles do início do novo milênio caóticas, espere para conhecer o mundo retratado em Brazil. Gilliam teve a felicidade de, mesmo criando um mundo futurista fantasioso, já em 1984, quando produziu o filme, prever vários aspectos que hoje são comuns à nossa sociedade (mesma coisa que Kubrick fez em Laranja Mecânica), como o individualismo do homem, e até mesmo a convivência diária com vários atentados terroristas.
Sim, os atentados são o grande problema do momento da sociedade de Brazil, e Sam Lowry, nosso protagonista (finalmente chegamos nele), que acabara de receber uma promoção para um departamento mais importante no governo, onde cuida da burocracia (ele e seus companheiros de trabalho devem lidar com milhares de papéis, num ambiente intoxicante), acaba se envolvendo com a mulher de seus sonhos, que é uma terrorista (ou no mínimo parece uma). Durante boa parte do filme, Gilliam exibe cenas absolutamente bizarras de Sam sonhando com essa mulher, perseguindo-a pelos céus com um grande par de asas, porém sempre sendo impedido pelos seus comandantes (simbolizado pelo grande samurai), que querem dele apenas trabalho, trabalho, e mais trabalho. Como em outros filmes de Gilliam (e como em filmes de David Lynch também) as cenas “estranhas” podem ser interpretadas de várias maneiras, esta apresentada é apenas uma delas.
Mas ainda tem mais história pra contar: enquanto trabalha e continua tendo seus sonhos esquisitos com a tal mulher, um funcionário acaba, acidentalmente, cometendo um erro de cadastro. O fugitivo da polícia Tuttle acaba tendo seu nome trocado para Buttle por causa de tal acidente, e Buttle, cidadão pacato e inocente, acaba sendo preso no lugar de Tuttle. Tuttle é interpretado por Robert De Niro, em um papel estranhíssimo. Ele e Sam acabam se encontrando várias vezes em situações bastantes esquisitas (pra variar).
Criar uma sinopse para Brazil é dos trabalhos mais difíceis que existem. O filme é tão “diferente”, com sua história tendo tantos detalhes anormais, que fica difícil entendê-la sem ver o filme (bem, mesmo vendo ele não é a coisa mais fácil de de entender). O filme ainda conta com uma galeria grande de personagens interessantes, como a mãe de Sam, que está com o rosto incrivelmente esticado de tanto fazer cirurgias plásticas; e o Sr. Kurtzmann, interpretado por Ian Holm (o Bilbo de O Senhor dos Anéis – a trilogia), que não quer perder o seu eficiente funcionário Sam para outro departamento.
De não tão fácil assimilação, o principal que fica depois de se assistir Brazil – O Filme, é a mensagem que Gilliam nos passa, de um futuro, mesmo que fantasioso no filme, possível em vários pontos (alguns deles já existentes, como já foi citado). Não há muito o que uma pessoa, sozinha, possa fazer para evitar que mais aspectos negativos do filme se tornem realidade, mesmo assim, vale a pena fazer a sua parte. Espero apenas que no mundo real, no futuro, não haja tamanha burocracia e a alienação com papéis vistas em Brazil. Difícil, já que uma coisa Gilliam não previu: o crescimento da importância dos computadores, que eliminam quase toda a papelada.
Brazil – O Filme é uma obra-prima difícil de assistir, difícil de digerir. Não é um filme para quem busca entretenimento. Infelizmente, 99% das pessoas que dizem gostar de cinema acabarão nunca assistindo a este filme. Uma pena, mas fica aqui a recomendação valiosa. A versão analisada aqui é a versão do diretor, que foi lançada tempos depois da original com 11 minutos de cenas a mais, entre elas alguns momentos mais “quentes” entre Sam e sua amada. Assim como os filmes de Terry Gilliam, analisar Brazil é tão complexo que tenho certeza que você não entendeu praticamente nada, assim como dificilmente entendi o que escrevi... Então estamos quites.
Por Alexandre Koball, em 14/03/2003 Avaliação:                   9.0








sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Guillaume Apollinaire!
Com certeza a maior influência na criação do Movimento Surrealista!
Agora alguns poemas e uma breve biografia deste grande filósofo!

Poeta francês

Guillaume Apollinaire

26 de agosto de 1880, Roma (Itália)
9 de novembro de 1918, Paris (França)
Lílian Campos*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Em 25 de agosto de 1880 nasce em Roma Guglielmo Alberto Wladimiro Alessandro Apollinare de Kostrowitzky, filho de mãe polonesa e de pai desconhecido. Até seus sete anos vive na Itália, onde aprende a ler e a escrever em italiano, além de falar o polonês.

Em 1887, a família Kostrowitzky muda-se para Mônaco. Do ano seguinte até 1895, Apollinaire e seu meio-irmão de cinco anos, Alberto Eugenio Giovanni, seguem seus estudos no colégio Saint-Charles de Mônaco. É nesse ambiente que Apollinaire começará seus primeiros escritos, firmando-os no Lycée de Nice, durante um breve período em que aí esteve matriculado.

Em 1897, depois de ser reprovado no baccalauréat (exame que os estudantes franceses devem prestar, ao final do ensino médio, para ingressar no ensino superior), ele decide se dedicar intensamente à leitura, freqüentando a biblioteca de Nice, quando é inspirado pelo desejo de se tornar jornalista. Já nessa época, assina seus escritos sob o pseudônimo de Guillaume Macabre. De personalidade sensível, deixa transparecer seu espírito anarquista e dreyfusard (defensor de Alfred Dreyfus, oficial judeu do Exército francês condenado injustamente por traição).

Vivendo em condições bastante precárias e num ambiente familiar conflitante, Apollinaire aplica-se à escrita, vindo a produzir alguns contos. Aos 20 anos, depois de ter passado algum tempo na Bélgica, chega a Paris, onde se tornará colaborador do jornal Tabarin, um semanário satírico publicado em Montmartre (bairro parisiense de grande efervescência cultural e intelectual, conhecido por abrigar artistas e escritores). Assinando o nome Wilhelm Kostrowiztky, publica três poemas na revista La Grande France.

Convidado a trabalhar para uma família aristocrata de origem alemã, Apollinaire irá acompanhá-los através da Alemanha durante o ano de 1902, tendo conhecido Colônia, Hanover, Berlim, Dresde e Munique. Visita ainda Praga e Viena. Essa viagem inspirou-lhe poemas, contos e artigos que serão publicados quando de seu retorno à França.

Em Paris, torna-se colaborador do semanário L'Europpéen e a Revue Blanche publica seus contos, quando passa a assinar como Guillaume Apollinaire. A partir de então, sua vida de escritor conhecerá um movimento ascendente: apesar de alguns reveses, Apollinaire familiariza-se cada vez mais com o ambiente literário parisiense, torna-se crítico e colabora para a imprensa local. E, em 1913, publica um livro de poemas intitulado Alcools (Alcoóis).
 

Primeira Guerra

Em 1914, Apollinaire alista-se para defender o exército francês na Primeira Guerra Mundial. Ele transitará entre diferentes regimentos de Artilharia até que, em março de 1916, sofre um grave ferimento na têmpora direita. Seu período de convalescença será longo e doloroso.

No entanto, sua produção literária e jornalística continua em plena atividade. Em abril de 1918 é publicado Calligrames (Caligramas), obra que reúne poemas sobre a paz e a guerra, escritos entre 1912 e 1916.

Em 9 de novembro de 1918, vítima da gripe espanhola, Apollinaire morre em Paris, tendo legado à literatura de expressão francesa obras diversas: poemas, contos, romances, teatro, crônicas e críticas.
 

Mulheres

Sem dúvida, o percurso pessoal e profissional de Apollinaire esteve permeado pelo feminino. Muitas de suas obras são dedicadas a mulheres com quem viveu ou amargou os fracassos de um amor não correspondido.

A Louise de Coligny-Châtillon ele dedicará Poèmes à Lou (Poemas a Lou) e Je pense à toi mon Lou (Eu penso em ti minha Lou), reunindo poemas e cartas escritos durante o período em que esteve na guerra; a Madeleine Pages, À Madeleine Seule (Somente para Madeleine); a Jeanne-Yves Blanc, La marraine de guerre; a Jacqueline Kolb, La jolie rousse (A bela ruiva); a Marie Laurencin, Marie; e para Annie Playden, Annie.
 

Na vanguarda

Apollinaire conviveu com os artistas de Montmartre e lá, onde a vida boêmia e cultural fazia-se plena de vigor, conheceu Pablo Picasso (de quem se tornou grande amigo), Georges Braque, Modigliani, a escritora Gertrude Stein, Max Jacob, dentre outros.

Defensor de todas as vanguardas artísticas, notadamente o
cubismo, e precursor do surrealismo, Apollinaire foi, além de escritor, um teórico aplicado e talentoso: sensível a uma poética ao mesmo tempo clássica e inovadora, cunhou o termo "caligramas" (um jogo com as palavras "ideograma" e "caligrafia") - e ousou ao suprimir toda a pontuação em sua obra Alcoóis.
 
*Lílian Campos é formada em Letras. É professora de língua francesa na PUC-PR e na UFPR, com atuação também no ensino de língua portuguesa
 
 
APOLLINAIRE
Hommage a Guillaume Apollinaire,
por Vicente do Rego Monteiro, Paris, 1960
APOLLINAIRE

“Há algo de infantil no caligrama, e disso não escapam os Caligramas do poeta francês Guillaume Apollinaire, escritos durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e publicados em 1918. De fato, o caligrama, por ser escrita-imagem (uma mistura de caligrafia e ideograma), lembra os primeiros passos voltados para a alfabetização, quando a criança desenha e, gradativamente, introduz nos seus desenhos letras, e depois palavras. Entretanto, longe de voltar para uma certa ingenuidade que remeteria ao desejo de uma inocência perdida, o caligrama possui  o inigualável poder de erupção. / Erupção dentro da unidade da palavra, erupção na linearidade narrativa do discurso, criando ilhas textuais circundadas pelos brancos que preenchem o papel de sintaxe, erupção, enfim, da visibilidade na legibilidade e do figurativo na ordem do signo lingüístico.” Véronique Dahlet
Palavra de Véronique Dahleta, no prefácio da tradução exemplar e oportuna da obra de Apollinaire, feita por nosso amigo, o poeta Álvaro Faleiros:
Guillaume ApollinaireCALIGRAMAS
Introdução, organização, tradução e notas de
Álvaro Faleiros
Cotia:  Ateliê Editorial; Brasília: Editora UnB, 2008.
ISNB 978-85-7480-405-7 – ISBN 978-85-230-1239-7
Leia também sobre Caligramas em nosso Portal;http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/caligramas.html
APOLLINAIRE


APOLLINAIRE

APOLLINAIRE

APOLLINAIRE

 

reconheça
 essa adorável pessoa é você

sem o grande chapéu de palha

olho
nariz
boca

aqui o oval do seu rosto

seu     lindo  pescoço

                                    um pouco
                                    mais abaixo
                                    é seu coração
                                                que bate

aqui enfim
a imperfeita imagem
de seu busto adorado
visto como
se através de uma nuvem


FONTE:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/apollinaire.html

sábado, 10 de novembro de 2012

LUPU LIPIM CLAPA TOPO
MAIS UM TRABALHO LITERÁRIO SURREALISTA MEU!!!



LUPU LIPIM CLAPA TOPO





Não sei exatamente a viscosidade do sangue de certas pessoas, mas dá para o gasto.
Gasto de vidas sem gastura.
Gostoso é ter a mente aproximada do longe daqueles que ficam perto de quem defeca e longe de quem labuta.
Mas, de caro, de consideração e de caridade em caridade, a barata fica sem sangue.
Tudo quisto dentro de uma constância imaginada fora do enfado.
Pleitear aquilo que não tem peso, mas acaba fazendo com que fique lento pela demanda de força.
Esse jogo de palavras tem hora para mediar.
Esse kit de letras tem dia para começar.
Esse pacote de números tem era para terminar.
Perdoe aquilo ou quem, basta responder se tem sangue ou tinta, para recarregar ou transfundir.
Procure saber se têm canetarias e hospitais hostis capitais para embolsar numa vista familiar.
Trocadilhos em armadilhas sem função erétil, mas de vertentes circulares, numa roda de respeitosos cheios de retas para pegar.
O documento que lambe a memória, apesar de suas rugas, ranhuras e outras tremidas, é reconhecido de vez em sempre por seres animados inanimados desanimados amados desalmados e entregue nos achados e perdidos da Novo Rio.
Encontre e dê baixa na lista estampada do terminal que ainda não foi enterrado, para não manchar a reputação da pele prostituída nas poeiras asfálticas em atitudes esquecidas sem ter as faltas que justificassem os meios ou os fins ou os princípios.
Por favor, liberem as imagens armazenadas no lugar que já foi tocado.
Que tudo seja importante sem ser oportuno demais.
Pedindo é que conquista muitas vontades e seus desejos.
De graça, até massagem no pé não cura.
Galo na testa.
Calo no pé.
Injeção de ânimo.
Um retorno aos oitenta, assistindo Lupu Lipim Clapa Topo, na TV Manchete, talvez refresque o sangue quente da ambulância esferográfica.


sábado, 3 de novembro de 2012

TRABALHO LITERÁRIO MEU

DO SEU LADO



De minério só o cascalho despregou de uma fenda sem ser um sulco.
Podemos escutar a voz desacompanhada de instrumentos?
Olha! Cascalho não é estrume.
E o que tem haver escuta com rocha?
Agulhas e picaretas são muito ferrenhas para pensarem!
Um toque marcante, uma nota progressiva de algo com cordas, num ritmo quente e satisfatório para os sensores de alguém mais ou menos petrificado.
Desenhando uma borda, num momento sem condutores de gírias e chulos.
Momento respeitado e altivo em sua andança meio com rota.
Borda daquelas que não admite críticas e nem cura.
Algum espécime vingador veio aproveitar o exame de proveta, pois é!
Aproveita que e exaltação não ficou no furor.
Quando arde nos olhos próximos e quando o ouvido distante é penico, talvez instrua.
A menos que se tenha mais ás do que os trunfos reinantes numa esquina de dúvidas.
Pra que tanto sentido nas palavras, porque de uma forma ou de outra elas serão faladas, cantadas, lidas, sonhadas ou apedrejadas.
No geral, temos obrigação de sentir a endorfina transbordar.
Desejo colocado num patamar difícil de escalar por fendas merecidas por chaves reluzentes, despojadas da onda do orgulho.
Sem favor e sem fervor.
Vamos fazendo cozido de pedrinhas com água mineral e torcendo para ficar suculento.
De rápido só correu os dós, rés, mis, fás, sols, las, sis das cordas mentais sem pensar nos vocais supersônicos.
Deixa de ser cínico, penico!
Dance com castanholas, remedie com acerolas e não fique de ceroulas.
Apenas escute From Your Side de Marcello Minerbi.