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domingo, 11 de setembro de 2016

Literatura



Um ato de bondade – Polly Samson


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Título: Um ato de bondade
Autor: Polly Samson
Editora: Record
Número de Páginas: 308
Data de Publicação: 2015
Até que ponto podemos confiar em quem amamos? Julian vê seu destino mudar por completo quando conhece Julia. Estudante universitário com um futuro promissor, ele abandona tudo por sua nova paixão, uma mulher nove anos mais velha presa a um relacionamento abusivo. A vida do casal em Londres é muito feliz, especialmente depois do nascimento da tão esperada filha, Mira. Ao descobrir que Firdaws, seu lar na infância, está à venda, Julian se dedica a reconstruí-lo para acolher a nova família. Mas a reforma da casa se torna uma obsessão que, aliada às investidas de uma ex-namorada, acaba por degradar seu casamento. É quando Mira fica terrivelmente doente que a vida conjugal se desintegra por completo, e Julia passa a não ser mais capaz de esconder do marido um segredo aterrador.
Um ato de bondade é o segundo romance de Polly Samson, e seu primeiro trabalho lançado no Brasil. A britânica é também autora de contos, além de letrista de David Gilmour, guitarrista e vocalista do Pink Floyd, desde a década de 90, com quem se casou nessa época.
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Em Um ato de bondade, temos a história de Julian e Julia em três diferentes momentos: o prólogo, datado do final da década de 80, época na qual se conheceram e se apaixonaram; a primeira parte da obra, narrada pela perspectiva de Julian em terceira pessoa, em meados da década de 90; e a segunda parte da trama, narrada pela visão de Julia, também em terceira pessoa, no início dos anos 2000.
Por meio de flashbacks, principalmente, é possível compreender a trajetória do casal até o momento narrado. Quando se inicia a narrativa de Julian, ambos enfrentam um processo de decadência do matrimônio, no qual Mira, filha de Julian e Julia, está gravemente doente, e a distância entre os dois apenas aumenta com todos os obstáculos enfrentados. Assim, enquanto Julian relembra momentos anteriores de sua vida, o leitor é capaz de pouco a pouco preencher as lacunas entre os anos vividos do prólogo ao momento atual da narrativa. Dessa maneira, não há uma linearidade dos acontecimentos, o que pode torná-los um pouco confusos, caso não seja feita uma leitura mais atenta. Cabe ao leitor montar em sua mente a linha do tempo de todos os fatos, conforme são apresentados na trama.

“Julian se inclinou e olhou pelo visor. Ele ficou estranhamente comovido com o que viu. Uma constelação – não, mais do que isso, tantos deles, cada um com sua própria auréola, como se iluminados por dentro. Cintilantes, trêmulos. Seu próprio universo composto inteiramente de cometas. Pareciam tão decididos, tão brilhantes e cheios de promessas que, por um momento, ele se sentiu triste por cada um deles, por sua urgência, pelo papel que eles nunca chegariam a cumprir.
página 64

Depois, com a narrativa de Julia, a história do casal já foi praticamente toda contada, então cabe a essa parte complementar aquilo que não poderia ser trazido pela perspectiva de Julian, além de trazer uma nova ótica sobre alguns acontecimentos e os fatos subsequentes ao período narrado na primeira parte. É apenas nesse momento da trama em que seus segredos são revelados e a história adquire seu maior significado.
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A escrita de Polly Samson caracteriza-se tanto por seu elevado grau de detalhamento e descrição das cenas, quanto por seu tom muitas vezes poético e sutil. Em diversos momentos, a autora apenas insinua os acontecimentos ou os descreve de forma mais sucinta, cabendo ao leitor compreendê-los nas entrelinhas. Devido à forte característica anacrônica da obra bem como suas muitas descrições, acabei achando a narrativa um tanto quanto lenta e, em muitos momentos, monótona, o que prejudicou meu envolvimento e apreciação da leitura.

“Julia fecha a porta com um clique, mas as lembranças não ficam para trás. Um súbito impulso a leva de volta à cozinha e, antes que ela possa mudar de ideia, ao telefone. Sua respiração parece ecoar no bocal do telefone. Julia se obriga a conservar a calma ao discar o velho número de Firdaws em meio a ruídos da linha. Ela não faz a menor ideia do que dirá se ele atender.
página 236

Além disso, a própria história me decepcionou em partes, ainda que a maneira de como a autora a desenvolveu tenha me agradado. Essa é uma história um tanto quanto melancólica, que revela as imperfeições do amor e as falhas de seus personagens; dessa maneira, torna-se difícil tirar dela uma mensagem positiva e, até mesmo, compreender o amor entre o casal, por conta de todas as escolhas por eles feitas.
De modo geral, Um ato de bondade foi uma leitura interessante, com pontos positivos muitas vezes ofuscados pelos obstáculos enfrentados por mim ao decorrer das páginas. Embora eu tenha questionado o próprio ato de bondade referenciado no título, gostei de como Polly Samson ocultou os segredos e construiu pouco a pouco a trama, de forma singelamente poética e detalhada. Não é uma leitura para momentos de maior descontração ou a quem procura um romance tocante e inspirador; ao contrário, é uma obra que exige certa dedicação por seu próprio ritmo, e capaz de revelar toda a complexidade inerente aos homens.
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Fonte:  http://minhavidaliteraria.com.br/2016/01/08/um-ato-de-bondade-polly-samson/
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