PINTURA
GRANDE ÍCONE DA PINTURA NACIONAL E INTERNACIONAL
TARSILA DO AMARAL
O surrealismo de Tarsila do Amaral
Por João Guató
onfesso que o gosto pela arte de Tarsila Amaral nasceu nos processos de ensino e aprendizagem da educação ambiental com a surrealista acadêmica brasileira Michèle Sato, que nos ensina que “as Imagens falam por outros sentidos que encantam em sedução”. E a arte de Tarsila Amaral me seduziu com estética do belo de um surrealismo genuinamente brasileiro de influência francesa.
Surgimento e história do movimento surrealista nascem na França na década de 1920. Este movimento foi significativamente influenciado pelas teses psicanalíticas de Sigmund Freud, que mostram a importância do inconsciente na criatividade do ser humano. O surrealismo no Brasil nasce nas ideias que foram absorvidas na década de 1920 e 1930 pelo movimento modernista. Podemos observar características surrealistas nas obras de Tarsila Amaral.
De acordo com Freud, o homem deve libertar sua mente da lógica imposta pelos padrões comportamentais e morais estabelecidos pela sociedade e dar vazão aos sonhos e as informações do inconsciente. O pai da psicanálise, não segue os valores sociais da burguesia como, por exemplo, o status, a família e a pátria.
O marco de início do surrealismo foi a publicação do Manifesto Surrealista, feito pelo poeta e psiquiatra francês André Breton, em 1924. No manifesto foram declarados os principais princípios do movimento surrealista: ausência da lógica, adoção de uma realidade "maravilhosa" (superior), exaltação da liberdade de criação, entre outros.
Os artistas ligados ao surrealismo, além de rejeitarem os valores ditados pela burguesia, vão criar obras repletas de humor, sonhos, utopias e qualquer informação contrária a lógica. Outro marcos importante do surrealismo foi a publicação da revista A Revolução Socialista e o segundo Manifesto Surrealista, ambos de 1929.
Os artistas do surrealismo que de destacaram mais na década de 1920 foram: o escultor italiano Alberto Giacometti, o dramaturgo francês Antonin Artaud, os pintores espanhóis Salvador Dali e Joan Miró, o belga René Magritte, o alemão Max Ernst, e o cineasta espanhol Luis Buñuel e os escritores franceses Paul Éluard, Louis Aragon e Jacques Prévert.
O movimento artístico dividiu-se em duas correntes. A primeira, representada principalmente por Salvador Dalí, trabalha com a distorção e justaposição de imagens conhecidas. Sua obra mais conhecida neste estilo é A Persistência da Memória. Nesta obra, aparecem relógios desenhados de tal forma que parecem estar derretendo.
Os artistas da segunda corrente libertam a mente e dão vazão ao inconsciente, sem nenhum controle da razão. Joan Miró e Max Ernst representam muito bem esta corrente.
A década de 1930 ficou conhecida como o período de expansão surrealista pelo mundo. Artistas, cineastas, dramaturgos e escritores do mundo todo assimilam as ideias e o estilo do surrealismo.
Nas artes plásticas Tarsila Amaral é nosso maior ícone do surrealismo. Foi através das artes que as ideias surrealista de Tarsila foram melhor expressadas.
Por meio da tela e das tintas Tarsila nos mostra sua forma de ver o mundo e coloca as emoções, seu inconsciente e representação do mundo concreto.
Uma viagem na obra de Tarsila Amaral
Fazer uma releitura da Tarsila depois de 125 anos é uma necessidade de formação da nossa cidadania. Como diz Chopin “não há cidadania sem memória. E não há memória sem arte. A arte é o espelho da pátria. O país que não preserva os seus valores culturais jamais verá a imagem de sua própria alma."
Em "Abaporu", Tarsila do Amaral, inverte a lógica ocidental em que a cabeça é o membro mais importante do corpo.
Abapuru, 1928
Óleo s/ tela, 85 X 73 cm
Óleo s/ tela, 85 X 73 cm
No "Abaporu", é o pé que está em primeiro plano e mais destacado. É uma imagem que revela a plasticidade do corpo e a ideia de mobilidade - disse Aguilar, antes de comentar a frase "Tupi or not tupi" do "Manifesto antropófago", escrito por Oswald. - A pergunta dele é se devemos assumir ou não o primitivo.
Estrada de Ferro Central do Brasil, 1924 Óleo s/ tela, 142 x 100,2 cm
Quadro ícone do Manifesto e Movimento Pau-Brasil, esta obra evidencia bem o contraste das paisagens rurais e estradas de ferro da emergente São Paulo industrial; mescla profunda entre a herança dos cenários abertos da fazenda e o futuro das cidades modernas.
Uma das principais conquistas estéticas e intelectuais do modernismo, em um segundo momento, quando existe uma busca as fontes brasileiras e uma problematização da realidade nacional, formalizada na problemática conciliação entre a roça e a cidade, o atraso e o progresso; assim vemos o passado barroco das igrejas e a religiosidade popular contrastarem com a ponte ferroviária, as sinaleiras, ou os postes de energia elétrica, marcos da modernidade e do progresso.
Nesta grande tela, de composição geometrizada ao máximo, mas sem detrimento das figuras, com planos bem definidos e linhas simplificadas, a artista põe a mostra o que aprendera em seu 'serviço militar do cubismo' nos ateliês de Lhote, Gleizes e Léger, artistas que haviam se afastado do austero e cerebral cubismo de Picasso e Braque.
Traço constante de sua obra, a presença da busca de uma cor verdadeiramente brasileira ou caipira: rosa e azul claros, ou o verde e amarelo do nosso colorido tropical, a cor é um dos elementos mais valorizados em sua composição.
Uma das principais conquistas estéticas e intelectuais do modernismo, em um segundo momento, quando existe uma busca as fontes brasileiras e uma problematização da realidade nacional, formalizada na problemática conciliação entre a roça e a cidade, o atraso e o progresso; assim vemos o passado barroco das igrejas e a religiosidade popular contrastarem com a ponte ferroviária, as sinaleiras, ou os postes de energia elétrica, marcos da modernidade e do progresso.
Nesta grande tela, de composição geometrizada ao máximo, mas sem detrimento das figuras, com planos bem definidos e linhas simplificadas, a artista põe a mostra o que aprendera em seu 'serviço militar do cubismo' nos ateliês de Lhote, Gleizes e Léger, artistas que haviam se afastado do austero e cerebral cubismo de Picasso e Braque.
Traço constante de sua obra, a presença da busca de uma cor verdadeiramente brasileira ou caipira: rosa e azul claros, ou o verde e amarelo do nosso colorido tropical, a cor é um dos elementos mais valorizados em sua composição.
A Negra, 1923
Óleo s/ tela, 100 x 81,3 cm
Pintura precursora do Movimento Antropofágico que só aconteceria em 1928.
Esta figura de uma mulher nua, de grossos lábios, tendo a frente um seio pesado e pendente, sentada, de braços e pernas grossos e toscos, tem a aparência imóvel, como de uma imagem evocada ou de uma aparição saída de um flash de memória do passado. Como imagem é uma presença, como evocação está inerte, como um ser à espreita.
Segundo um depoimento da própria artista, a imagem desta negra é fruto das histórias contadas pelas mucamas da fazenda em sua infância. Falavam de coisas que impressionaram a menina Tarsila, como o caso das escravas dedicadas a trabalhar nas plantações de café, e que impedidas de suspender o trabalho, amarravam pedrinhas nos bicos dos seios, para que estes, desta forma alongados, pudessem ser colocados por sobre os ombros, a fim de poder amamentar seus filhos, que carregavam as costas.
Atrás da figura a artistas dispõe uma folha de bananeira, em diagonal semi curvada. É um marco ou portal que entrelaça na composição a figura da negra, à frente, do imaginário brasileiro, com a parte do fundo, relacionada à disciplina construtiva cubista.
De fato, o fundo da tela constitui-se em um exercício construtivo de formas-cores, que se desdobram em faixas na superfície, como uma trama bidimensional.
Desta maneira, articula ou combina a estrutura autônoma do espaço pictórico com a composição figurativa. Esta obra já é um hibridismo entre os valores da terra e a atualização da linguagem plástica, proclamados pelos modernistas da Semana de 22.
Floresta, 1929
Óleo s/ tela, 63, 9 x 76,2 cm
Da mesma linhagem da tela Abaporu, 1928 ( col. E. Constantini ), pintura que desencadeou o Movimento Antropofágico, como a culminância do processo diferenciado da Modernidade Brasileira.
Resultante da liberdade de emanação do imaginário, da subjetividade aberta que a pintura de Tarsila encarnava e mesmo liderava, as pinturas desta época estabelecem relações deste movimento da Antropofagia com o surrealismo histórico, sendo entendida por Breton como uma emanação do surrealismo eterno, tão aflorante na América Latina.
Em Floresta, a artista dá-nos a conhecer uma paisagem de encantamento; sob arvoredo fantástico repousam formas ovóides de matizes arroxeados, parecendo estar em transmutação.
Nesta imagem misteriosa da floresta, de cores irreais, aparecem um universo de formas originais, de seres, primaciais, latentes de vida, em relação aos quais as árvores se encurvam como a oferecer uma maternal proteção.
Resultante da liberdade de emanação do imaginário, da subjetividade aberta que a pintura de Tarsila encarnava e mesmo liderava, as pinturas desta época estabelecem relações deste movimento da Antropofagia com o surrealismo histórico, sendo entendida por Breton como uma emanação do surrealismo eterno, tão aflorante na América Latina.
Em Floresta, a artista dá-nos a conhecer uma paisagem de encantamento; sob arvoredo fantástico repousam formas ovóides de matizes arroxeados, parecendo estar em transmutação.
Nesta imagem misteriosa da floresta, de cores irreais, aparecem um universo de formas originais, de seres, primaciais, latentes de vida, em relação aos quais as árvores se encurvam como a oferecer uma maternal proteção.
FONTE: www.revistasina.com.br
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